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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Quando o amor chegar


Quando o amor chegar vai nascer a amizade, amizade em preto e branco, desprovida de emoções. Quando o amor chegar não vai haver mais dificuldade, vai haver liberdade, vai haver paz sem esperança, ó Deus, quando o amor chegar, como  vou me conter diante de tanta beleza! Quando o amor chegar vai-se andar sozinho, olhando a distância a linda menina. Quando o amor chegar, que bocado de superstição vai se chegar ao fim referente à sexualidade! Moças em publico namorando moças, mamães tendo filhos sem maridos, amantes do Brasil. Quando o amor chegar, todos vão tomar cerveja sem teor alcoólico. O garçom não vai vender mais cachaça, que é bom para evitar acidente nas estradas! Quando o amor chegar não se vai chorar lágrimas derramadas, velho será só peça de museu, ninguém vai andar mais descalço. Quando o amor chegar, viveremos só da tecnologia, não haverá mais desavenças, tudo vai ficar por conta da felicidade. Quando o amor chegar ninguém fará cabelos, que eternamente vêm para o resto da vida. Quando o amor chegar não se vai esquecer mais de ir ao médico, prevenção será ordem do dia, nunca mais se vai usar dentaduras. Vai haver todo tipo de vitamina correndo nas torneiras das casas. Quando o amor chegar não haverá mais jogos de azar, não haverá mais armas, não haverá mais ganância. Quando o amor chegar vão voltar os bondinhos a correr nos trilhos da Cidade Maravilhosa. Quando  o amor chegar, a vida que é difícil vai melhorar, depois do amor, vão surgir políticos a continuar o trabalho de Lula e Baraco Obama. Vão se rever conceitos de cidadania, por exemplo, cuidar melhor dos nossos velhos, oferecendo-lhes salários dignos. Grandes epopéias irão surgir. Quando o amor chegar os escritores irão viver do que escrevem, trabalhadores  vão ser mais valorizados. Quando o amor chegar vai-se por muita emoção no homem robotizado. Quando o amor chegar só haverá alegria: tudo vai estar no seu lugar. Quando o amor chegar, a mulher vai assumir o posto mais alto na sociedade. Os operários fábricas para trabalhar escolherão, o circo vai voltar às praças publicas e povo se divertindo com remelexo do palhaço. As crianças vão comer pipocas, ouvindo o som que eu ouvi um dia! Ah, quem dera se esse amor chegasse logo e os homens aprendessem a viver.  Se cada um fizer sua parte, por livre espontânea vontade; se cada um for mais responsável, for à luta, com perseverança — eu acredito numa vida melhor, ou talvez eu esteja errado, muito errado, ou tudo isso não passa de um sonho, um desatino fora da realidade.


De R J Cardoso

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