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terça-feira, 28 de julho de 2015

BOLSA-BANQUEIRO

BOLSA-BANQUEIRO
Dívida pública sobe 3,5% em junho, para R$ 2,5 trilhões
Em 12 meses, a dívida pública cresceu 17,28%, segundo dados do Tesouro.
Em maio, endividamentos interno e externo somavam R$ 2,49 trilhões.

http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/07/divida-publica-sobe-35-em-junho-para-r-25-trilhoes.html

segunda-feira, 27 de julho de 2015

História de como o PT afundou a economia do Brasil

Ideologia ou economia política?

A política econômica que Palocci herdou de Malan estava funcionando bem; por que inventaram moda?
No mais recente relatório de conjuntura do Ibre, revisamos o desempenho do PIB em 2015 de retração de 1,8% para queda de 2,2%; e o de 2016, de crescimento de 0,5% para recuo de 0,1%.

Ajuste tão custoso deve-se ao fato de os governos não terem atacado desequilíbrios estruturais de nosso "contrato social" –o conjunto de regras de elegibilidade e valor de benefícios que requerem que o gasto público cresça anualmente 0,3 ponto percentual do PIB há 23 anos– bem como os erros da nova matriz econômica, vigente de 2009 a 2014.

A nova matriz econômica foi um regime de política econômica que elevou o intervencionismo estatal na macroeconomia e na microeconomia para acelerar o crescimento.

Na macroeconomia, as medidas foram: atuar pesadamente no câmbio para impedir valorização excessiva da moeda; flexibilizar a meta de superavit primário até o ponto de colocar em risco a solvência do Tesouro Nacional, situação em que nos encontramos agora; reduzir pesadamente a transparência da política fiscal com contabilidade criativa e, mais recentemente, pedaladas; aceitar que a inflação se estabilizasse por muitos anos no limite superior da banda de tolerância do regime de metas de inflação.

No campo microeconômico, as medidas foram: já a partir de 2003, enfraquecer o papel das agências reguladoras e alterar completamente o Plano de Negócios da Petrobras, elevando pesadamente seus investimentos no refino; tentar, pela terceira vez em 60 anos, refazer a indústria naval, cometendo quase todos os erros do passado; alterar o marco regulatório do pré-sal; política de desoneração da folha de salários para estimular a indústria; política de controle de preços para tentar impedir a aceleração da inflação; fechar ainda mais o setor automobilístico ao comércio internacional; hipertrofia dos bancos públicos com empréstimos do Tesouro à CEF, ao BB e ao BNDES de mais de R$ 350 bilhões; políticas generalizadas de conteúdo nacional, sem análise dos custos e implicações para os demais elos da cadeia produtiva; desastrada intervenção no setor elétrico etc.

O elenco de medidas evidencia o absurdo da nova matriz econômica. O próprio grupo político que a implantou paga elevado custo. Nesse sentido, é corretíssima a expressão da revista "The Economist" de que nossos problemas foram autoinfligidos. Boa parte da queda de popularidade do PT foi autoinfligida.

A questão intrigante é saber: por que motivo o governo foi procurar sarna para se coçar? O regime de política econômica que Palocci herdou de Malan estava funcionando bem. Por que inventaram moda?

Grupos de pressão não foram decisivos para a alteração do curso de política econômica em 2009. Também o eleitor mediano, por meio do Congresso, não pressionou pela alteração. A chamada "economia política" não explica a mudança.

Tudo indica que alteração tão profunda do regime de política econômica tenha sido obra dos intelectuais e economistas petistas. Ou seja, com a melhor das boas intenções, essas pessoas promoveram a alteração do regime de política econômica que cavou o buraco no qual nos encontramos. Em mais um exemplo de que de boas intenções o inferno está cheio, o que pesou na ruinosa escolha foi a ideologia.

Ao longo do semestre voltarei ao tema, para investigar as motivações e as bases teóricas dessa alteração da política econômica de tão graves consequências.

Texto de SAMUEL PESSÔA, formado em física e doutor em economia pela USP, é pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. 
Da Folha de São Paulo de 26/07/2015
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/227394-ideologia-ou-economia-politica.shtml

domingo, 26 de julho de 2015

Santa Leopoldina não é aqui, em Sericita, que pena!


As meninas de Santa Leopoldina


Quando tudo parece dar errado, Fábia, Fabiele e Fabíola mostraram o vigor do andar de baixo de Pindorama


Há algumas semanas, havia um pedágio na entrada da cidade de Santa Leopoldina (800 habitantes), na região serrana do Espírito Santo. Jovens pediam dinheiro aos motoristas para ajudar a pagar a viagem das trigêmeas Fábia, Fabiele e Fabíola Loterio ao Rio. Filhas de pequenos agricultores da zona rural próxima a Vitória, elas iriam a uma cerimônia no Theatro Municipal para receber as medalhas de ouro e prata que conquistaram na 10ª Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas. Fábia e Fabiele empataram no primeiro lugar e Fabíola ficou em segundo entre os concorrentes capixabas.
Matematicamente, coisas desse tipo talvez aconteçam uma vez a cada milênio, mas as meninas de Santa Leopoldina ofenderam várias outras vezes a lei das probabilidades. O pai, Paulo, cursara até o 2º ano do ensino fundamental, a mãe, Lauriza, foi até o 4º. Vivem do que plantam, numa casa sem conexão com a internet. A roça de 18 hectares de hortaliças, legumes e eucaliptos da família fica num município de 12 mil habitantes, cujo PIB per capita está abaixo de R$ 1 mil mensais.
Numa época em que tudo parece dar errado, apareceram as meninas de 15 anos de Santa Leopoldina. Elas são um exemplo do vigor do andar de baixo de Pindorama e da eficácia de políticas públicas na área de educação.
Assim como o juiz Sergio Moro decifra a origem das petrorroubalheiras do andar de cima, pode-se pesquisar a origem de um sucesso do andar de baixo.
As trigêmeas de Santa Leopoldina tiveram o estímulo dos pais. Antes delas, educou-se Flávia, a irmã mais velha. Estudou na rede pública e formou-se em enfermagem com a ajuda de uma bolsa de estudos integral. (Aos 23 anos, ela hoje faz doutorado em Biotecnologia na Universidade Federal do Espírito Santo e trabalha no projeto de um equipamento robótico para pessoas que sofreram AVCs.) Ainda pequenas, as quatro brincavam de estudar. Flávia foi a primeira jovem da região a entrar para uma faculdade.
Há dez anos, o professor César Camacho, diretor do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, o IMPA, levou a ideia da olimpíada de escolas públicas ao então ministro de Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos. Lula comprou-a e hoje ela é a maior do mundo, com 18 milhões de participantes. O programa administra não só o exame, como a concessão de bolsas aos medalhistas. Custa R$ 52 milhões por ano. Nunca foi tisnado por um fiapo de irregularidade, mas raramente recebe o devido reconhecimento.
As trigêmeas começaram a competir quando cursavam o 6º ano do ensino fundamental. Em 2012, Fabíola conseguiu uma medalha de bronze e uma vaga no Programa de Iniciação Científica, com direito a uma ajuda de R$ 1.200 anuais e reuniões periódicas em Vitória. No ano seguinte, Fabiele ganhou a bolsa do PIC e Fábia conseguiu a sua indo assistir às aulas com as irmãs. Viajavam no velho caminhão do pai.
Todas três ingressaram no Instituto Federal do Espírito Santo, onde cursam o ensino profissionalizante em agropecuária e vivem no campus da instituição, em Santa Teresa. Passam a maior parte do tempo na biblioteca e há pouco procuraram professores, interessadas em conhecer o currículo do ano que vem. Para receber suas medalhas, as irmãs entraram pela primeira vez num avião.
As trigêmeas de Santa Leopoldina são um produto da força de vontade de cada uma, do estímulo dos pais, do sistema público de ensino, de políticas bem sucedidas e de uma professora que estimula seus alunos, Andréia Biasutti.
OS LARÁPIOS DE SANTA LEOPOLDINA
Em 2010, Fábia, Fabiele e Fabíola estavam no 5º ano do ensino fundamental. O PIB do munícipio de Santa Leopoldina era de R$ 56,5 milhões de reais, ou US$ 34 milhões. Ou seja, tudo o que seus 12 mil habitantes (inclusive a família Loterio) produziam cabia nas propinas recebidas por Pedro Barusco e ainda sobravam ao petrocomissário US$ 12 milhões.
O andar de cima de Santa Leopoldina seguia os manuais das oligarquias. Em abril daquele ano, o promotor Jefferson Valente Muniz abriu uma investigação para apurar roubalheiras no município e denominou-a Operação Moeda de Troca. Em cinco meses, botou onze pessoas na cadeia. Eram políticos, empresários e servidores que haviam desviado cerca de R$ 28 milhões dos cofres públicos, ervanário equivalente a um ano de arrecadação municipal. Na cabeça da quadrilha, estava o poderoso empresário Aldo Martins Prudêncio, irmão de Ronaldo, o prefeito da cidade. Viciavam licitações e inventavam emergências para favorecer fornecedores. Mordiam onde podiam, de aluguel de carros a compras de material escolar, de rodeios a eventos do Carnaval. A apresentação de uma cantora contratada por R$ 5 mil custava à prefeitura R$ 15 mil. A certa altura a prefeitura chegou a ensaiar o aluguel de um carro de luxo, com computador a bordo.
Ronaldo Prudêncio foi afastado pela Câmara Municipal. Mesmo com sete ações por improbidade nas costas, manobra seu retorno ao cargo. O promotor Jefferson comeu o pão que o Tinhoso amassou, sendo obrigado a responder a um processo junto ao Conselho Nacional do Ministério Público. A defesa da quadrilha dizia que utilizara provas obtidas ilegalmente.
Em junho passado, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo manteve as condenações da quadrilha, expandindo-lhe as penas. O doutor Aldo Prudêncio tomou sete anos. Outros nove pegaram de três a cinco anos. Como diria a doutora Dilma, "todos soltos", pois recorrem em liberdade.
Do jeito que estão as coisas, há gente pensando em fugir da crise brasileira para tentar a vida lá fora, talvez em Miami. Pode-se pensar em Santa Leopoldina. Além da Operação Moeda de Troca e das trigêmeas Loterio, o município tem um só carro para cada seis habitantes, clima de montanha e 12 cachoeiras.

Texto de Elio Gaspari na Folha de São Paulo de 26/07/2015 e também n'O Globo
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/227359-as-meninas-de-santa-leopoldina.shtml

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Até quando vamos tolerar a ineficiência da Petrobras?

O americano John Rockefeller dizia que o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada, e que o segundo melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo mal administrada.
Com o petróleo a US$ 100 o barril, a máxima criada pelo bilionário funcionou perfeitamente para a Petrobras durante quase uma década. A estatal tinha uma das piores gestões do mundo e ninguém se dava conta.
A Operação Lava Jato descobriu o ralo de corrupção instalado na companhia, que permitia drenar bilhões e bilhões para abastecer políticos e partidos. Mas a faxina da má gestão, aquela que vai realmente tirar a sujeira debaixo do tapete, mal começou.
A Petrobras emprega 446 mil pessoas - 80% delas entraram sem concurso, como prestadores de serviço. Como uma empresa pode ser bem administrada com quase meio milhão de colaboradores ?! Para ter uma ideia: a concorrente Shell tem 94 mil pessoas ao redor do planeta.
São inúmeras as histórias dos afilhados de algum político e/ou partido que não fazem rigorosamente nada. Ou pior, estão ali para desviar dinheiro. Obviamente essas pessoas tomam decisões empresariais equivocadas que custam muito mais à empresa do que seus salários.
A Petrobras já começou a cortar investimentos e vender patrimônio para reduzir sua pesada dívida, mas vai ter que fazer uma revisão profunda de sua estrutura e do seu quadro de funcionários se quiser se recuperar.
O problema é complexo, porque a ineficiência da Petrobras é algo muito difícil de medir pelas características do setor de petróleo, por sua condição de monopolista e pela arrogância que sempre caracterizou a empresa. Simplesmente não existem no Brasil outras refinarias que poderíamos utilizar como base de comparação.
Nos últimos anos, o governo drenou o caixa da estatal vendendo gasolina subsidiada para o consumidor. Mas quantos milhões será que foram suprimidos desse mesmo caixa pela má gestão?
Alguns podem pensar que, se fosse mais bem administrada, a Petrobras venderia gasolina mais barata. É um raciocínio equivocado, porque a gasolina é uma commodity e seus preços variam conforme o mercado internacional se não houver intervenção do governo.
No caso de empresas de commodity, maior ou menor eficiência refletem em sua competitividade no mercado e em sua margem de lucro. Mas o Brasil pode se beneficiar, sim, de um aumento da eficiência da Petrobras.
A estatal pagaria mais impostos e royalties, produziria mais petróleo, exportaria mais, contribuindo com a balança comercial e para o equilíbrio externo do país, investiria mais e geraria mais empregos - esses, sim, bem remunerados e produtivos para a sociedade.
Por isso, fica a pergunta: até quando vamos tolerar a ineficiência da Petrobras?
Texto de Raquel Landim na Folha de São Paulo de 17/07/2015
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/raquellandim/2015/07/1656911-ate-quando-vamos-tolerar-a-ineficiencia-da-petrobras.shtml
Meu comentário: discordo da Raquel em apenas um ponto, caso a Petrobras fosse melhor administrada, sem roubalheira, o preço da gasolina seria metade ou até menos.