Até há pouco tempo, acreditavam pesquisadores e leigos que formigueiros eram administrados por suas rainhas. Existem 140 mil espécies diferentes de formigas, todavia com uma particularidade comum, o movimento de zigue-zague com que forrageiam e voltam com suas presas para o ninho.
Hoje sabe-se que as rainhas não são mais que fábricas de larvas. As informações necessárias para encontrar a direção do formigueiro ou da forragem são trocadas pelas formigas operárias, que se tocam com suas antenas capazes de distinguir "cheiros" distintos de quem vai para o campo e de quem vem para o formigueiro.
Daí o caminho incerto e a baixa eficiência do caminhar da formiga, pois o espaço real percorrido por ela é muito maior, mais de cem vezes, que a distância entre a forragem e o ninho.
Economistas brasileiros atribuem o recente melhor desempenho do sistema produtivo de China e Cingapura, por exemplo, em relação ao Brasil à pior educação que teria o trabalhador brasileiro. Diferença esta que tem certamente importância.
Acredito, entretanto, que a diferença fundamental é o caráter estruturante que os governos autoritários da Ásia puderam emprestar a estruturas produtivas de seus países. Veja-se o caso dos momentos de governos fascistas da Alemanha de Hitler, da Itália de Mussolini, do Chile de Pinochet, com inegável desenvolvimento econômico.
Outro possível motivo para desenvolvimento acelerado é a existência de um inimigo externo. Talvez por isso os EUA se mantenham sempre em guerra.
A Alemanha do pós-guerra é um sucesso não apenas por possuir alguns grandes complexos industriais, mas antes pela notável coerência de atuação de suas pequenas e médias empresas familiares, coerência esta obtida principalmente por uma virtual parceria entre governo, proprietários e sindicatos.
A baixa produtividade de formigueiros e nações está claramente associada à ausência de fatores estruturantes de seus sistemas produtivos. Talvez seja por isso que interessa tanto aos países industrializados impor o "laissez-faire" aos países emergentes, com o que esperam reduzir-lhes a competitividade.
Pois bem, então quais as opções para o Brasil? Será que uma guerrinha com a Argentina ajudaria? E que tal chamarmos de novo os milicos? Em ambos os casos, seria arranjar sarna para se coçar.
Desde Juscelino Kubitschek, o Brasil tem tentado criar grandes "blocos de capital", mas as escolhas têm sido malfeitas. Empreiteiras atuam com tecnologias que se caracterizam por tempos de obsolescência longuíssimos. Como consequência, valem-se de lobbys, para dizer o menos, ao competir e têm como único cliente, ou quase, o governo.
O BNDES tem-se esforçado, mas sozinho, para reverter esse quadro. Sem o apoio de ministérios de Indústria e Planejamento competentes, o Brasil não estruturará jamais seu setor produtivo. Façamos como o Japão, criemos um Miti (Ministério da Indústria e Comércio Exterior). Um ministério que seja de verdade, impositivo, e não uma rainha de formigueiro.
Texto de ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, 84, físico, é professor emérito da Unicamp e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha
http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/03/1754110-de-formigueiros-e-nacoes.shtml
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terça-feira, 29 de março de 2016
terça-feira, 24 de abril de 2012
Candidatas do Leste Mineiro se preparam para o Rainha do Café de Minas Gerais.
Faltando pouco mais de um mês para a disputa do titulo que elegerá a nova Rainha do Café do estado de Minas Gerais dos dias 6 a 9 de Junho, na Cidade de Tombos, as candidatas das cidades de Chalé e Santana do Manhuaçu se preparam para deixar tudo pronto e fazerem bonito na disputa da mais bela do estado.
Coordenador Tiago Photo´s
“A Participação de uma candidata é muito importante e para que isso aconteça precisamos da ajuda de empresas que confiem no nosso trabalho e nos dêem seu apoio e credibilidade para que elas possam ter total destaque no evento, é com muita alegria que de antemão agradecemos todos os patrocinadores que estão nos apoiando como, as prefeituras das cidades de Chalé em nome do prefeito Elmir, e de Santana do Manhuaçu do prefeito João do Açougue e dos vereadores Antonio Baessa, Ualas Freitas e Paulinho Chicó e das entidades do CRAS e APAE de Santana do Manhuaçu que estão fazendo um trabalho de confecção do material que será usado nas roupas, e as empresas: Renascer Exportação e Importação, Shamah Veículos, Ótica Souza Lima, Sônia Sandreia Cabeleireira, Heloisa Cabeleireira, C.O.I. , Ophir, Toque de Pele e Class Noivas. “
As Candidatas que foram escolhidas pelo fotógrafo Tiago Carvalho do Studio Tiago Photo’s tem ao seu dispor uma equipe de maquiadores, cabeleireiros, personal trainer e estilista, tudo para garantir um trabalho bem reconhecido e de destaque absoluto. O Concurso Rainha do Café é um dos mais concorridos concursos e de maior destaque do estado de Minas Gerais com visibilidade nacional, além disso, o evento é acompanhado por profissionais da área de moda e beleza que buscam novos rostos e talentos para agências de modelo nacionais e do exterior, o concurso chama atenção também por ter fins sociais, com intuito de ajudar comunidades carentes dos municípios, moradores de comunidades ribeirinhas, creches e asilos.
Tombos sediará o concurso mais uma vez com apoio da prefeitura local e sob coordenação do secretario de Turismo Alessandro Moreira, mais de 40 cidades irão tentar abocanhar o titulo de mais bela do estado entre elas as cidades de, Congonhas, São João do Manhuaçu, Espera Feliz, Ipatinga, Belo Horizonte, Lagoa Santa e muitas outras. Sob a coordenação de Tiago Photo’s ao lado das belíssimas Elisângela Silva e Sarah Santos e mais uma bela morena de nome Indaiá Martins deve integrar a lista de candidatas que disputarão pelo leste mineiro. O concurso promete ser disputado já que belas moças é o que não faltará.

Coordenador Tiago Photo´s
“A Participação de uma candidata é muito importante e para que isso aconteça precisamos da ajuda de empresas que confiem no nosso trabalho e nos dêem seu apoio e credibilidade para que elas possam ter total destaque no evento, é com muita alegria que de antemão agradecemos todos os patrocinadores que estão nos apoiando como, as prefeituras das cidades de Chalé em nome do prefeito Elmir, e de Santana do Manhuaçu do prefeito João do Açougue e dos vereadores Antonio Baessa, Ualas Freitas e Paulinho Chicó e das entidades do CRAS e APAE de Santana do Manhuaçu que estão fazendo um trabalho de confecção do material que será usado nas roupas, e as empresas: Renascer Exportação e Importação, Shamah Veículos, Ótica Souza Lima, Sônia Sandreia Cabeleireira, Heloisa Cabeleireira, C.O.I. , Ophir, Toque de Pele e Class Noivas. “
As Candidatas que foram escolhidas pelo fotógrafo Tiago Carvalho do Studio Tiago Photo’s tem ao seu dispor uma equipe de maquiadores, cabeleireiros, personal trainer e estilista, tudo para garantir um trabalho bem reconhecido e de destaque absoluto. O Concurso Rainha do Café é um dos mais concorridos concursos e de maior destaque do estado de Minas Gerais com visibilidade nacional, além disso, o evento é acompanhado por profissionais da área de moda e beleza que buscam novos rostos e talentos para agências de modelo nacionais e do exterior, o concurso chama atenção também por ter fins sociais, com intuito de ajudar comunidades carentes dos municípios, moradores de comunidades ribeirinhas, creches e asilos.
Tombos sediará o concurso mais uma vez com apoio da prefeitura local e sob coordenação do secretario de Turismo Alessandro Moreira, mais de 40 cidades irão tentar abocanhar o titulo de mais bela do estado entre elas as cidades de, Congonhas, São João do Manhuaçu, Espera Feliz, Ipatinga, Belo Horizonte, Lagoa Santa e muitas outras. Sob a coordenação de Tiago Photo’s ao lado das belíssimas Elisângela Silva e Sarah Santos e mais uma bela morena de nome Indaiá Martins deve integrar a lista de candidatas que disputarão pelo leste mineiro. O concurso promete ser disputado já que belas moças é o que não faltará.
Texto e fotografias de Tiago Carvalho Costa
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Pânico Na Band
Muitos assistem, pois ainda é a única opção em um um Domingo à noite!
Ela foi corajosa, mas me pareceeu, que com certeza, já tinha sido combinado!
LIXO DE TV!
Panicat Babi fica careca ao vivo, na TV
Neste domingo (22), o Pânico na Band provocou polêmica ao raspar todo o
cabelo da panicat Babi Rossi.
Alegando que as garotas precisavam repaginar suas madeixas para ganhar mais
personalidade, Emílio Surita, usou as redes sociais e através do Twitter pediu
aos telespectadores para votarem e decidir se a panicat deveria ficar com o
cabelo igual ao de Marcelo Tás, do CQC, ou do jogador Neymar.
Após votação com as hastags #carequinhadotas e #CabelinhodoNeymar, o público
decidiu que Babi Rossi deveria raspar o cabelo ao vivo. E assim aconteceu.
Pelo menos durante o programa ao vivo, Babi levou tudo na esportiva, mas o
assunto rendeu protestos através do Twitter, com muitos internautas criticando a
atitude de Emílio e usando a hastag #forapanico, que foi parar no Tredind Topics
como uma das expressões mais populares da noite.
Será que vale tudo por audiência?
Através do site do programa, Babi falou sobre a decisão de ficar careca e
confessou que não esperava por isso.
"Nunca achei que seria tão corajosa, mas acho que esse é o espírito do
programa, me deixaram muito à vontade para eu fazer o que quisesse, e eu sou
assim: me entregou mesmo ao trabalho, àquilo que me proponho a fazer",
declarou.
Dificil agora vai ser se acostumar com o novo visual. Babi contou que tem
mania de mexer nos fios o tempo todo e já estranhando a nova realidade, mas
completou alegando que encara a sua atitude como uma homenagem à mulheres que
são obrigadas a raspar o cabelo por conta de um tratamento contra o câncer:
"É muito estranho passar a mão e ver que não tem nada, mas cabelo cresce. Eu
fico pensando nas mulheres que têm câncer e raspam o cabelo, o quanto é
dolorido, porque mulher é vaidosa, não tem jeito. Então foi uma forma também de
homenageá-las".
Veja agora alguns comentários dos internautas:
-Isso é humor????? desde quando???? ridiculos
-Muito fraco...será que ta faltando o que apresentar?
-"...Enquanto algumas pessoas estão perdendo o cabelo por DOENÇA...o Pânico fica cortando o cabelo dos outros por AUDIÊNCIA..."____
-Opa, nossa na verdade fiquei chocada...estou sem tv em minha casa...enfim Sr Emilio pq não raspou o cabelo da senhora sua esposa, da senhora sua mãe hein? Um programa totalmente deplorável, ridiculo, sem nenhum tipo de respeito ao ser humano.
-Si o panico na band acha isso uma brincadeira... então eu não sei mais oque é humor no brasil!!! Não assisto mais esse programa, Panico já foi bom, hoje é um LIXOOOOO, #PanicoUmLixo
-Na boa o pânico perdeu toda a noção, expor alguém assim ao ridículo é totalmente desnecessário, creio que o pânico vai perder muita audiência, principalmente das mulheres pois o cabelo representa algo muito importante para nós. A cena de ontem não me fez rir pelo contrario, eu chorei ao ver que eles não respeitam ninguém, nem mesmo os seus funcionários..
FIM DO PÂNICO!
FIM DO PÂNICO!
-Fiqueei Horrorizadaa. O Pânico, na verdade, já tinhaa deixado de ser engraçado a muito tempo, Mas agoraa foi o fiim... Foi HUMILHANTE, APELATIVO e SEM GRAÇA!
Tratam as mulherem como objetos, lixos sem personalidade e sem sentimentos.
Tratam as mulherem como objetos, lixos sem personalidade e sem sentimentos.
Muitos assistem, pois ainda é a única opção em um um Domingo à noite!
Ela foi corajosa, mas me pareceeu, que com certeza, já tinha sido combinado!
LIXO DE TV!
-""" a minha opinião é só parar de assistir esse tipo de programa e privilegiar os que realmente apresentam algo de inteligente e util """
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Se o Brasil não fosse tão desigual, o brasileiro viveria mais
Richard Wilkinson: “Se o Brasil não fosse tão desigual, o brasileiro viveria mais”
O pesquisador associa a desigualdade a problemas sociais que vão das drogas à violência, do diabetes à obesidade, dos homicídios à gravidez adolescente
Quando, há 25 anos, o inglês Richard Wilkinson, professor emérito de epidemiologia social da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, começou a estudar as diferenças de saúde na população inglesa, esbarrou na crescente diferença de renda entre ricos e pobres no país. A desigualdade social se tornou o foco de seus estudos e tema de vários de seus livros, entre eles The spirit level (O nível do espírito), lançado em 2009 em parceria com a epidemiologista Kate Pickett, da Universidade York. No livro, Wilkinson afirma que a desigualdade é o principal problema do mundo e que ela está associada a problemas tão diversos quanto uso de drogas, obesidade e números de presos, homicídios e gravidez na adolescência. O livro, que será lançado no Brasil no segundo semestre sob o título O nível, pela Editora Record, tem causado grande polêmica entre acadêmicos e políticos. Só para responder às críticas, os autores fizeram uma nova edição com longo capítulo adicional. Nesta entrevista, Wilkinson fala das conclusões de seus estudos e responde a algumas das críticas.


Testo de Letícia Sorg na revista Época de 12/02/11
ENTREVISTA - RICHARD WILKINSON |
![]() | QUEM É Professor emérito da Universidade de Nottingham, dá aulas na Universidade City of London e na Universidade York O QUE FEZ Formou-se em história da economia e especializou-se em epidemiologia O QUE PUBLICOU Unhealthy societies (Sociedades doentes) (1996); The impact of inequality (O impacto da desigualdade) (2005); The spirit level (O nível do espírito) (2009) |
ÉPOCA –Como o senhor concluiu que a desigualdade está relacionada a tantos problemas diferentes?
Richard Wilkinson – O quadro foi se desenhando aos poucos. Em 1996, começamos a entender que a saúde era pior nos países mais desiguais. Depois, começamos a entender as razões disso. Soubemos de estudos que mostravam que o mesmo era verdade para criminalidade. E que nas sociedades mais desiguais havia menos coesão social, menos envolvimento na vida da comunidade e menos confiança entre as pessoas. Logo antes de publicar o livro, vimos uma rápida evolução na pesquisa da área. Percebemos que não era um padrão relacionado apenas a saúde e criminalidade, mas a todos os problemas mais comuns nas camadas inferiores da sociedade, como gravidez na adolescência, uso de drogas, doenças mentais, mau desempenho na educação, prisão. Isso mudou nossa percepção sobre a desigualdade. Não é possível explicar problemas tão diferentes olhando apenas para a saúde. É preciso pensar nas causas fundamentais, que afetam muitas coisas diferentes.
Richard Wilkinson – O quadro foi se desenhando aos poucos. Em 1996, começamos a entender que a saúde era pior nos países mais desiguais. Depois, começamos a entender as razões disso. Soubemos de estudos que mostravam que o mesmo era verdade para criminalidade. E que nas sociedades mais desiguais havia menos coesão social, menos envolvimento na vida da comunidade e menos confiança entre as pessoas. Logo antes de publicar o livro, vimos uma rápida evolução na pesquisa da área. Percebemos que não era um padrão relacionado apenas a saúde e criminalidade, mas a todos os problemas mais comuns nas camadas inferiores da sociedade, como gravidez na adolescência, uso de drogas, doenças mentais, mau desempenho na educação, prisão. Isso mudou nossa percepção sobre a desigualdade. Não é possível explicar problemas tão diferentes olhando apenas para a saúde. É preciso pensar nas causas fundamentais, que afetam muitas coisas diferentes.
ÉPOCA –A desigualdade é uma questão científica ou política?
Wilkinson – A desigualdade tem sido vista como um tema político e tem dividido esquerda e direita. Políticos como Tony Blair, do último governo trabalhista inglês, pensaram que a desigualdade não importava. Achavam que talvez importasse na década de 30, quando muita gente ainda não tinha o que comer, mas não agora, que todos têm comida, casa e carro. Mostramos, porém, que a desigualdade tem efeitos psicossociais. Não se trata apenas de uma questão material, mas de superioridade e inferioridade. Por isso, olhamos para vários problemas com fatores comportamentais, como gravidez na adolescência, abuso de drogas ou violência. Não estamos falando de como uma casa menor prejudica sua saúde, mas de como um status social inferior afeta sua saúde.
Wilkinson – A desigualdade tem sido vista como um tema político e tem dividido esquerda e direita. Políticos como Tony Blair, do último governo trabalhista inglês, pensaram que a desigualdade não importava. Achavam que talvez importasse na década de 30, quando muita gente ainda não tinha o que comer, mas não agora, que todos têm comida, casa e carro. Mostramos, porém, que a desigualdade tem efeitos psicossociais. Não se trata apenas de uma questão material, mas de superioridade e inferioridade. Por isso, olhamos para vários problemas com fatores comportamentais, como gravidez na adolescência, abuso de drogas ou violência. Não estamos falando de como uma casa menor prejudica sua saúde, mas de como um status social inferior afeta sua saúde.
ÉPOCA –A cultura que valoriza o mérito, que incentiva as pessoas a dar o máximo de si, tem relação com a desigualdade?
Wilkinson – Até certo ponto, sim. Nas sociedades mais desiguais as pessoas trabalham mais, poupam menos e emprestam mais dinheiro, correm mais risco de ir à falência. Acredito que isso se deve à importância que o dinheiro adquire: é como você mostra seu valor. Nas sociedades mais desiguais, as crianças tendem a ter aspirações mais ambiciosas, porque o que importa é ser rico. Querem ser estrelas de cinema, craques do futebol, presidentes de empresas. E isso é irreal, porque, nas sociedades desiguais, a mobilidade é menor e o desempenho educacional é pior. Mas, como é o dinheiro que importa, todo mundo tem expectativas irreais de ser rico.
Wilkinson – Até certo ponto, sim. Nas sociedades mais desiguais as pessoas trabalham mais, poupam menos e emprestam mais dinheiro, correm mais risco de ir à falência. Acredito que isso se deve à importância que o dinheiro adquire: é como você mostra seu valor. Nas sociedades mais desiguais, as crianças tendem a ter aspirações mais ambiciosas, porque o que importa é ser rico. Querem ser estrelas de cinema, craques do futebol, presidentes de empresas. E isso é irreal, porque, nas sociedades desiguais, a mobilidade é menor e o desempenho educacional é pior. Mas, como é o dinheiro que importa, todo mundo tem expectativas irreais de ser rico.
ÉPOCA –O problema da desigualdade nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil, é diferente?
Wilkinson – É difícil estudar o problema da desigualdade nos países em desenvolvimento, por falta de dados que possam ser comparados. Mas há dados sobre expectativa de vida, mortalidade infantil e, em alguns casos, homicídios. A desigualdade parece ser importante tanto para países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. A principal diferença é que, nos países mais ricos, o crescimento econômico deixou de ser importante. Nos países mais pobres, o crescimento econômico e a renda média ainda são importantes.
Wilkinson – É difícil estudar o problema da desigualdade nos países em desenvolvimento, por falta de dados que possam ser comparados. Mas há dados sobre expectativa de vida, mortalidade infantil e, em alguns casos, homicídios. A desigualdade parece ser importante tanto para países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. A principal diferença é que, nos países mais ricos, o crescimento econômico deixou de ser importante. Nos países mais pobres, o crescimento econômico e a renda média ainda são importantes.
ÉPOCA –Não é possível crescer economicamente e diminuir a desigualdade ao mesmo tempo?
Wilkinson – Combater a desigualdade é importante em todos os níveis de desenvolvimento. Países mais igualitários têm um desempenho melhor em qualquer estágio de desenvolvimento. Se o Brasil fosse menos desigual, poderíamos esperar uma expectativa de vida maior e uma mortalidade menor, por exemplo. A renda é importante até certo ponto. Depois de um limite, faz pouco para aumentar a expectativa de vida.
Wilkinson – Combater a desigualdade é importante em todos os níveis de desenvolvimento. Países mais igualitários têm um desempenho melhor em qualquer estágio de desenvolvimento. Se o Brasil fosse menos desigual, poderíamos esperar uma expectativa de vida maior e uma mortalidade menor, por exemplo. A renda é importante até certo ponto. Depois de um limite, faz pouco para aumentar a expectativa de vida.
A desigualdade é importante tanto para países desenvolvidos quanto para países em desenvolvimento
ÉPOCA –Alguns críticos dizem que o crescimento econômico é importante também para as nações ricas, pois permite que as pessoas sintam que sua vida melhorou em relação à de seus pais.
Wilkinson – A questão é que, a partir de um certo nível de renda, um país tem de gastar dez ou 100 vezes mais do que um país mais pobre para aumentar um ano na expectativa de vida de seus habitantes. Os estudos mostram que é muitíssimo mais caro “comprar” um aumento de expectativa de vida nos países mais ricos. O PIB per capita tem de crescer de maneira tão grande que se torna estúpido e insustentável.
Wilkinson – A questão é que, a partir de um certo nível de renda, um país tem de gastar dez ou 100 vezes mais do que um país mais pobre para aumentar um ano na expectativa de vida de seus habitantes. Os estudos mostram que é muitíssimo mais caro “comprar” um aumento de expectativa de vida nos países mais ricos. O PIB per capita tem de crescer de maneira tão grande que se torna estúpido e insustentável.
ÉPOCA –O Brasil já foi chamado de Belíndia, uma mistura de Bélgica e Índia, por causa da desigualdade. É possível que poucos vivam como belgas cercados por muitos indianos?
Wilkinson – A desigualdade afeta mais quem está embaixo, mas mesmo quem está no topo teria pequenos benefícios numa sociedade mais equalitária. Porque os ricos não podem se isolar. A igualdade melhora, por assim dizer, a qualidade do ambiente social. A luta por status aumenta a competição e a insegurança. Quem está no topo são as pessoas mais ambiciosas, mais motivadas e mais preocupadas com a posição social. Numa entrevista, um jornalista disse a um banqueiro que ganhava muito dinheiro e bônus gigantescos que ele não conseguiria gastar toda aquela quantidade de dinheiro e, por isso, não faria nenhuma diferença. O banqueiro disse que fazia porque o tornava melhor do que seu concorrente. Trata-se do status.
Wilkinson – A desigualdade afeta mais quem está embaixo, mas mesmo quem está no topo teria pequenos benefícios numa sociedade mais equalitária. Porque os ricos não podem se isolar. A igualdade melhora, por assim dizer, a qualidade do ambiente social. A luta por status aumenta a competição e a insegurança. Quem está no topo são as pessoas mais ambiciosas, mais motivadas e mais preocupadas com a posição social. Numa entrevista, um jornalista disse a um banqueiro que ganhava muito dinheiro e bônus gigantescos que ele não conseguiria gastar toda aquela quantidade de dinheiro e, por isso, não faria nenhuma diferença. O banqueiro disse que fazia porque o tornava melhor do que seu concorrente. Trata-se do status.
ÉPOCA –A desigualdade no Brasil caiu muito na última década. Mas nosso crescimento econômico ainda deixa a desejar. Há relação entre os fenômenos?
Wilkinson – Alguns acreditam que é preciso haver desigualdade para haver crescimento econômico. Mas estudos mostram que o crescimento econômico é tanto maior quanto maior a igualdade. Outros dizem o contrário. Quando essa é a situação, talvez a desigualdade não influencie tanto o crescimento. Mas uma sociedade mais coesa e menos desigual é melhor para os negócios. Parece também que as sociedades desiguais desperdiçam boa parte de seu talento, pois os mais pobres não têm educação, e a mobilidade social é menor. E isso não é bom para os negócios.
Wilkinson – Alguns acreditam que é preciso haver desigualdade para haver crescimento econômico. Mas estudos mostram que o crescimento econômico é tanto maior quanto maior a igualdade. Outros dizem o contrário. Quando essa é a situação, talvez a desigualdade não influencie tanto o crescimento. Mas uma sociedade mais coesa e menos desigual é melhor para os negócios. Parece também que as sociedades desiguais desperdiçam boa parte de seu talento, pois os mais pobres não têm educação, e a mobilidade social é menor. E isso não é bom para os negócios.
ÉPOCA –Quais são as possíveis soluções para a desigualdade?
Wilkinson – Há muitas estratégias diferentes. Impostos e programas de benefícios são as maneiras mais fáceis, de curto prazo. Mas são difíceis de sugerir no atual clima político. Talvez seja mais fácil fazer campanha contra a sonegação de impostos. Outra questão é mudar a estrutura das empresas, para restringir a cultura do bônus. Essa cultura só prosperou porque as pessoas no topo da cadeia não têm de responder a ninguém. Isso mudaria se houvesse representantes dos funcionários e da sociedade no conselho de administração ou se os próprios funcionários fossem sócios da empresa. Se as estruturas fossem mais democráticas, diminuiriam as diferenças de salário dentro das companhias. É possível que alguém aceite que o outro ganhe dez vezes o que ganha, mas não 200. Os dados mostram que as empresas mais democráticas são menos desiguais. Poderíamos desenvolver um selo para empresas menos desiguais, no modelo do “comércio justo”. Parece que esse tipo de empresa tem uma produtividade maior. Essa é a solução de longo prazo. E a desigualdade é um problema que levará anos para ser resolvido, dez, 15, 20 anos. E precisa de um movimento social constante defendendo sua diminuição.
Wilkinson – Há muitas estratégias diferentes. Impostos e programas de benefícios são as maneiras mais fáceis, de curto prazo. Mas são difíceis de sugerir no atual clima político. Talvez seja mais fácil fazer campanha contra a sonegação de impostos. Outra questão é mudar a estrutura das empresas, para restringir a cultura do bônus. Essa cultura só prosperou porque as pessoas no topo da cadeia não têm de responder a ninguém. Isso mudaria se houvesse representantes dos funcionários e da sociedade no conselho de administração ou se os próprios funcionários fossem sócios da empresa. Se as estruturas fossem mais democráticas, diminuiriam as diferenças de salário dentro das companhias. É possível que alguém aceite que o outro ganhe dez vezes o que ganha, mas não 200. Os dados mostram que as empresas mais democráticas são menos desiguais. Poderíamos desenvolver um selo para empresas menos desiguais, no modelo do “comércio justo”. Parece que esse tipo de empresa tem uma produtividade maior. Essa é a solução de longo prazo. E a desigualdade é um problema que levará anos para ser resolvido, dez, 15, 20 anos. E precisa de um movimento social constante defendendo sua diminuição.
ÉPOCA –O senhor diz que mesmo quem é contra a ideia de maior igualdade se convence depois de ler seu livro.
Wilkinson – As pessoas estão muito abertas para essa ideia, mesmo quem é ligado aos negócios. Temos tido uma ótima recepção e topamos com muitos “igualitários enrustidos”. A simpatia pela igualdade tem sido escondida, mas a intuição de que a desigualdade é ruim e divide a sociedade é universal.
Wilkinson – As pessoas estão muito abertas para essa ideia, mesmo quem é ligado aos negócios. Temos tido uma ótima recepção e topamos com muitos “igualitários enrustidos”. A simpatia pela igualdade tem sido escondida, mas a intuição de que a desigualdade é ruim e divide a sociedade é universal.


Testo de Letícia Sorg na revista Época de 12/02/11
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