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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cactos

Exauriu-se a dor
A flor do amor surgiu
Na ilusão do meu dia
Feroz qual a paixão.

Andar andei... Chorar chorei...
A marca do tempo agora mostra
Caminhos que sonhei.

Uma saudade, uma paixão
Talvez a primeira vivida
Ficou longe, muito longe,
Mas entranhada está em minha vida.

Canto apenas a flor dos cactos
Porque o as outras o vento levou
Por estes cantos também sou levado
E amado por seu amor...

De R J Cardoso

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Rua onde moro, a pacificação

A Rua onde moro II

A rua onde moro continua barulhenta,
Tem moradias de todos os estilos,
Olham-me, mas a dor amenizou-se.
Pontos escuros e infames diminuíram
Já não voam tão temerosos os papeis,
Os estampidos cessaram, até quando não sei...

Aos poucos os gatos vão reaparecendo
Os cães retornam, mas não ladram.
Arvore gradualmente vai se plantando
A rua onde moro já não é mais tão aterrorizante.

Nos templos já se pode ver alguém orando,
Já não há sombra a nos surpreender como antes.
Algumas luzes já se podem ver acesas
O filho continua o mesmo, em nada mudou.

Nas casas já há um tímido clarão
Os pecadores continuam, mas não há mais heróis.
Os meninos são os mesmos e tem meninas gestantes.

Já não há tanta fuga em prol da vida
Nem tantos arrependimentos,
Provocações são raras, traçantes às vezes...
No lugar da ruina ergue-se de tijolo em tijolo nova cidade.

Indefere-se apenas o que é fora da lei
A rua foi apaziguada pela as Unidades Pacificadoras,
Apesar de distantes, e a tristeza noturna deu um tempo.

Já não há tanta aflição na rua onde vivo
Os sons são agradáveis, do meu quarto a paisagem
Continua inspirando amor, não precisa fugir...
O zumbido das armas acalmou... Até quando?
É possível projetar o futuro e continuar amando.

De R J Cardoso

Nota do editor
A poesia acima foi feita sob encomenda por mim, que estava com saudades das poesias e da colaboração do R J Cardoso.
O R J Cardoso havia feito uma "poesia lamento"  sobre a situação de violência que vivia o povo fluminense e agora eu queria ler as palavras dele sobre a nova situação destas mesmas pessoas, após a pacificação 
 realizada. mais que tardiamente.

Relembre a poesia original:  
A rua onde moro 
http://jornaldesericita.blogspot.com/2010/02/rua-onde-moro.html


domingo, 19 de fevereiro de 2012

Pesquisa investiga por que mulheres preferem cesárea


Para especialistas, fatores culturais somados à falta de leitos nas rede pública e privada afastam mulher do parto normal
Medo de sentir muita dor e preocupação com sexualidade também aumentam preferência por cesáreas

Marisa Cauduro/Folhapress
A bióloga Hana Masuda, 34, com a filha Alice, um mês após o nascimento por parto normal
A bióloga Hana Masuda, 34, com a filha Alice, um mês após o nascimento por parto normal
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

Fatores culturais e falta de informação são alguns dos motivos que levam à preferência nacional pelo parto com data marcada.
Hoje, o Brasil é um dos recordistas mundiais em partos cesarianos. Em 2010, o número de nascimentos cirúrgicos chegou a 52%, passando os partos normais.
A preocupação com a quantidade de cirurgias no nascimento é tanta que o Ministério da Saúde vai fazer uma pesquisa com 24 mil mulheres para entender o que leva à escolha da cirurgia com data marcada para dar à luz.
O trabalho vai verificar qual é a indicação médica e os motivos que levaram a mulher a escolher um determinado tipo de parto -normal, cesárea ou até em casa.
A hipótese é que fatores culturais contem muito nesse tipo de decisão.
"A mulher brasileira se preocupa com a sexualidade e teme que o parto altere o períneo, o que é é um mito", diz Vera Fonseca, diretora da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e do Conselho Federal de Medicina.
MEDO DA DOR
O medo da dor também afasta a mulher do parto normal. "Temos uma imagem de parto normal como se vê no cinema, com dor e sofrimento. Isso afasta as mulheres da opção natural", analisa a historiadora da ciência Germana Barata, da Unicamp.
De acordo com a ginecologista da USP, Sonia Penteado, alguma mulheres que tentam enfrentar a dor do parto não aguentam.
"Já tive pacientes que chegaram a ter dilatação completa no parto, mas não toleraram a dor e pediram para que fosse feita a cesárea", conta.
Esse tipo de intervenção é possível no sistema privado. "No público, a mulher tem de aguentar a dor porque faltam cirurgiões", diz Penteado.
A proporção de quantidade de cesáreas no SUS gira em torno de 37% dos nascimentos. Na rede privada, o percentual sobe para 82%.
DECISÃO DO MÉDICO
Mas, além da cultura, a opinião dos médicos também conta -e muito- na decisão.
"Nunca chegou uma paciente no meu consultório dizendo 'quero cesárea e pronto'", diz Penteado.
Segundo ela, a maioria das mulheres decide com seu médico o tipo de parto.
Ela recomenda parto normal a suas pacientes desde que não existam fatores de risco, como hipertensão. Hoje, a doença é a principal causa de morte de mulheres no parto no Brasil (na Europa e nos EUA é a hemorragia).
Para Fonseca, muitos médicos incentivam a cesárea por receio de falta de leitos, inclusive na rede privada.
O Brasil tem 0,28 leito para cada mil usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) -o que, de acordo com o Ministério de Saúde, atende a demanda. Mas países desenvolvidos têm o dobro disso.
"Se a paciente entra em trabalho de parto de maneira inesperada, corre risco de não ter vaga. Isso dá insegurança para o médico."
"Fiquei exausta, mas valeu a pena; foi emocionante"
Além da dificuldade para encontrar um médico disposto a fazer parto normal, as brasileiras que decidem pelo nascimento natural enfrentam outra barreira: encontrar orientações adequadas para a hora de dar à luz.
"Procurei algum lugar que preparasse grávidas para o parto normal em São Paulo, mas não encontrei", conta a bióloga Hana Masuda.
Ela deu à luz sua filha Alice há cerca de um mês. "Nasci nos EUA quando minha mãe fazia pós-doutorado. Lá, ela fez um curso na universidade sobre parto normal. Aqui não achei nada disso."
Mesmo assim, o parto de Masuda foi tranquilo. "Senti dores como de cólicas menstruais, só que mais fortes."
A psicóloga Natália Amaral Hildebrand não teve a mesma sorte. Depois de cerca de dez horas de trabalho de parto com dores fortes, ela teve de fazer cesárea.
"Tive um edema [lesão] no colo do útero porque a bebê tinha a cabeça muito grande e não passava", conta.
"Pelo menos eu tentei e a Sofia nasceu no tempo dela."
De acordo com Hildbrand, o médico dela orientou o parto normal. "Já ouvi muitas grávidas dizerem que o médico escolhe pela paciente."
A advogada Julia Rodrigues Coimbra também optou pelo parto natural para dar à luz Francisco. Ela começou a sentir contrações em um sábado e entrou em trabalho de parto na quinta-feira. "Já estava exausta. Mas valeu a pena, foi emocionante."
(SR)Reportagem da Folha de São Paulo de 19/02/2012

Meu depoimento:
Boa parte das mães são convencidas por médicos que não querem "estragar" o "Final de Semana" ou a madrugada atendendo mães cujos bebês chegam em horas impróprias.
Estive em um hospital maternidade, acompanhando um período de internação de uma pessoa da família, curioso em ver os bebês recém-nascidos que são muito lindos, fui até o andar do berçário e não havia nenhum bebê, só então me dei conta que era DOMINGO e que a cegonha também merece descansar no "Final de Semana", acredito que a cegonha deveria estar curtindo um churrasco no sítio, golfe ou piscina no clube e por que não se torrando na praia, afinal de contas "cegonha" também é gente.

Fui conferir na Segunda, Terça e Quarta e "bingo" o berçário estava lotado destas criaturinhas lindas, os bebês.

Carnavais

A autêntica, pura e legítima expressão "Carnaval carioca" não tem mais sentido; o desfile das escolas de samba não é Carnaval, simplesmente


GRANDE E duradouro sucesso de público e de crítica, a expressão "Carnaval carioca" passou um período sumida, de raro em raro alguém a visitava no asilo da história. De uns tempos para cá, voltou ao cardápio dos assuntos frequentes, e é cada vez mais usada. Mas posso garantir, e o faço com palavra da moda para não deixar dúvida: a expressão que está aí é um clone. Preferiria dizer, por natural rejeição a modas, ainda mais se vocabulares, que é uma contrafação. Posso até admitir, no entanto, em benefício da compreensão, que é cópia pirata. E não paraguaia, não.

A autêntica, a pura e legítima expressão "Carnaval carioca" não tem mais sentido. Não o perdeu no de desuso, não, muito ao contrário. Ali, entre as velharias do asilo, a maioria deformada por falta de rigor histórico ou excesso  de fraude interesseira, "Carnaval carioca" foi sempre o repositório zeloso de originalidades encantadoras. Guardiã de tanta criação que nasceu para ser popular e se elevou a clássico, guardiã de uma criatividade livre e libertária, espontânea e feliz.

A reanimação, recente e crescente, dos dias reservados a Carnaval tem no Rio, como centro de tudo que então se passa, o desfile das escolas de samba: "a maior festa do mundo", dizem, pelo planeta afora, um de seus slogans no comércio internacional de turismo e os meios de comunicação lá e cá. Festa de quem ou para quem? Carnaval é, por definição, festa popular, o povo em festa.

No sambódromo, pesadão, um maciço de concreto, feio e óbvio, "povo" exige nova definição. No mês passado, por mais de uma vez a imprensa do Rio noticiou a procura de negros por algumas escolas de samba para participar dos seus desfiles. Isso, na pista.

Na assistência, o preço das arquibancadas e a reserva para os pacotes turísticos sugerem onde foi parar o povo mesmo. Aliás, o afastamento intransponível do "povo" em relação ao que se passa na pista, tal como se assistisse a um balé no Municipal, e os numerosos e vastos salões chamados de camarotes já diriam o suficiente sobre a relação do sambódromo com festa  popular.

O desfile das escolas de samba deve ser posto à parte do Carnaval. Não é Carnaval, simplesmente. Pode ser o mesmo em qualquer dia do ano, sem necessidade de qualquer coisa nele ou fora. Seria até mais um evento turístico. Escola, como se denominaram as agremiações de samba mais populares, não há ali. Samba, idem.

O objetivo de desfilar e seus diferentes canais de dinheiro apropriaram-se das agremiações ("escolas" porque o mero dançar ali ensinava o samba no pé, como as artes da bateria).

Repórter iniciante no "Diário Carioca", fui muito, com um colega já grande repórter, Mário Ribeiro, à Império Serrano. O belo nome desse Grêmio Recreativo Escola de Samba me fascinou, e quis conhecer sua razão de ser. Ficava em um recanto do subúrbio de Madureira, quase ao final da escadaria impiedosa que escarpava uma colina, também graciosa no nome, chamada Serrinha. Preliminares atraentes demais.

E a hospitalidade franca, a bateria diabólica, e sobretudo as músicas (muitas, grandes sucessos dez e mais anos depois, com Nara, Clara Nunes, Beth Carvalho, mais e mais) faziam o resto, naquele galpão improvisado para a alegria semanal de poucas dezenas de pessoas.

Assim e ali, fizeram-se os títulos conquistados pela Império na avenida Rio Branco e depois na Presidente Vargas, com o povaréu se somando aos figurantes vestidos de barões e marquesas que, por mais uma distração da obra divina, tivessem o samba no pé e a alma do povo. Carnaval Carioca.
Do Vassourinhas, de tempos que não conheci, ao Bafo da Onça, de meado do  século passado, e ao antigo Cordão do Bola Preta, blocos incontáveis fundiram-se à história do Carnaval carioca. Tinham umas quantas centenas de componentes, às vezes uns poucos milhares.

Mas sua fama nunca intimidou ninguém. Era comum ruas, empresas, clubes terem seus próprios blocos, nos quais iam entrando e saindo aderentes eventuais. E dando sentido às ruas, em todos os bairros, a cidade toda eram um só Carnaval. Seu e à sua maneira.

As estimativas dos blocos atuais dão-lhes 300 mil integrantes, 500 mil, 1 milhão e até 2,5 milhões no Bola Preta. Quando ouço estes números, penso nos 200 mil que superlotaram o Maracanã, uma multidão tão espantosa que, mesmo tendo-a visto de dentro, dela só se pode lembrar vagamente. Pois, lê-se e ouve-se, ficou fácil haver blocos com vários Maracanãs superlotados. O Bola Preta viria, nos 2,5 milhões, com mais de 12 Maracanãs, apesar de inexistir onde os por a desfilar. Ou como desfilar.

Divida-se cada uma de tais cifras pelo número que se quiser, os meios de comunicação não se importam. Nem importa mesmo: esses blocos não são blocos cariocas. Com os seus milhões ou trilhões, as pessoas apenas se apertam e, como velhinhos de últimos cansaços, arrastam os pés. Na forma, tais blocos são uma importação mal adaptada do Carnaval de Recife. Nada a ver com o Carnaval carioca.

E agora começou no Rio o Carnaval à maneira de Salvador, em que cantores têm camarotes e palanques de onde conduzem o Carnaval, uma espécie de show aberto. Nada a ver com o Carnaval carioca.

Nesse quesito das marchas, não se pode esquecer a força do grotesco: o que  seria o samba do desfile das escolas de samba é um ritmo inidentificável, horrendo, com as "celebridades" e as modelos (seja lá do que forem, mas a variedade não é grande) arrastando os pés e, diante de alguma câmera, dando uns pulinhos como se o chão estivesse pelando -é o seu samba no pé.
E aos lados da correnteza, atrás, por toda parte, uns sujeitos gritando "corre!", "acelera!", "corre mais!", "correeendo! mais depreeessa!".

Com o tempo e com outras mudanças, haveria de mudar. Mas não desse jeito. Não precisava, ao menos, deixar de ser o Carnaval carioca.

De Jânio de Freitas na Folha de São Paulo de 19/02/2012

domingo, 12 de fevereiro de 2012

GREVE NO HOSPITAL DE SÃO PEDRO DOS FERROS

Atraso de pagamento de salários paralisa hospital de São Pedro dos Ferros






Comentário de José Geraldo da Silva

Uma das grevistas me informou que existem funcionários com 5 (cinco) férias atrasadas, 3(três) 13º salarios atrasados e 2(dois) salários mensais atrasados.

Não entendo nada de repasses de verbas federais e estaduais para que os municípios cuidem da saúde de seu povo, mas eu pergunto uma pergunta que não quer calar:
- por que a prefeitura gasta verba milionária com artistas de outras terras em festas?
- por que a prefeitura gasta verba milionária com a festa do "ferrense ausente"?
- será que o ferrense ausente é aquele foi visitar "São Pedro" mais cedo do que deveria?
- ou seja, ferrense ausente é o ferrense que se "ferrou" e foi pro inferno ou pro céu antes do tempo?


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A primeira parte do texto foi copiado do Jornal Regional
http://www.raulsoaresonline.blogspot.com/2012/02/atraso-de-pagamento-de-salarios.html

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O PT tucanou a privataria

O PT tucanou a privataria

Categoria: Politicalha
Já tem mais de 15 anos que o Brasil não consegue superar o tema (ou seria trauma?) das privatizações. Por todo esse tempo, petistas pintaram as privatizações como o grande mal desse país, enquanto tucanos as praticaram, lucraram com elas e depois se envergonharam delas. Em meio a tantos discursos, faltou a verdade: a privatização não é solução definitiva para nada, nem tampouco é o mal absoluto. Em alguns casos ela serve, porque presta serviços importantes à população (se forem bem fiscalizados e regulados pelo estado), como no setor de telecom e nos aeroportos. Em outros casos, não servem, porque são setores estratégicos, como foi o fatídico caso da Vale do Rio Doce. E tem os três setores em que a privatização não pode nem ser levada em consideração: saúde, educação e segurança. O real problema da questão é a formacomo as privatizações foram feitas por aqui, com empresários agindo em conluio com autoridades do governo, mediante farta distribuição de propinas.
Antes, o argumento anti-privatização dos petistas era de que “não se pode entregar um bem público ao capital estrangeiro”. Agora, adequaram o discurso tentando mostrar que as suas privatizações são melhores do que a dos tucanos. Acontece que, bom ou ruim, esse modelo adotado pelo governo petista nos aeroportos é o mesmo adotado pelos tucanos nas estradas do estado de São Paulo, o que elevou enormemente os preços dos pedágios. E, querendo ou não, o governo está abraçando a iniciativa privada — seja via concessões, PPPs (parcerias público-privadas) ou o leilão com participação do BNDES e dos fundos de pensão. A concessão dos aeroportos aconteceu porque há um gargalo terrível no setor e o governo sabe que não conseguirá expandi-lo e modernizá-lo sozinho até a copa.
Enfim, com tudo isso, esperamos que 1) essa privatização dos aeroportos traga os benefícios desejados pela população; 2) que se encerre de uma vez por todas essa briga tola dos militantes anti e pró privatizações; e 3) que no futuro não apareçam  novas denúncias em forma de livro, tipo um A Privataria Petista

Jornal da Tarde 9 de fevereiro de 2012http://blogs.estadao.com.br/tragico-e-comico/2012/02/09/o-pt-tucanou-a-privataria/

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Criança que come papinha de colher tem maior chance de ser obesa

Bebê que come papinha dada com colher fica mais gordo
Deixar a criança comer alimentos sólidos com as próprias mãos leva à preferência por cardápio saudável, diz estudo feito na Inglaterra
Petrenko Andriy/Shutterstock


Mamães, seu bebê é mais esperto do que você pensa quando se trata de aprender a comer comidas sólidas. Aliás, ele é até mais esperto do que você mesma na hora de ser desamamentado.
O bebê que escolhe sua própria comida com as mãos tem menos chance de virar uma criança obesa do que aquele que ficou recebendo papinha de colher da mãe, revela uma pesquisa britânica.
O estudo foi publicado na revista científica "BMJ Open" por Ellen Townsend e Nicola Pitchford, da Universidade de Nottingham, Reino Unido. A "BMJ Open" é uma revista de acesso público do grupo que edita a prestigiosa "BMJ" ("British Medical Journal").
Foram estudadas 155 crianças entre vinte meses e seis anos e meio de idade; seus pais responderam a um questionário sobre os hábitos de alimentação dos petizes.
Desse grupo, 92 eram bebês cujos pais deixavam a seu critério a alimentação.
O bebê tinha uma escolha de alimentos na sua frente e pegava o que queria comer. Isso costuma acontecer aos seis meses de idade. A princípio, o bebê apenas lambe a comida, antes de decidir por mastigá-la.
Os outros 63 bebês não tinham escolha. Era a mãe que enfiava a comida pastosa, as papinhas de vários tipos de alimento, nas suas bocas, com colher, o método do "olha o aviãozinho".

PREFERÊNCIAS
Os bebês que se alimentavam sozinhos, revelou o estudo, comiam mais carboidratos e alimentos saudáveis que os seus colegas que recebiam comida de colher.
Eles também gostavam mais de proteínas e de alimentos integrais do que as crianças que comiam papinha amassada.
Já a turma da colher curtia mais alimentos doces -apesar de as mães oferecerem a eles mais opções de alimentos como carboidratos, frutas, vegetais e proteínas do que a turma que pegava a comida sozinha.
Não deu outra: a turma da colher teve maior índice de crianças obesas do que a que pegava a comida com as próprias mãos.
"Apresentar os carboidratos às crianças em seu formato completo de alimento, como torradas, em vez de em forma de purê, pode ampliar a percepção de características tais como a textura, que é mascarada quando o alimento está na forma de papinha", escreveram os autores.
Segundo eles, pesquisas anteriores já mostraram que a apresentação da comida influencia significativamente as preferências alimentares.
Eles também afirmam que os carboidratos podem ter tido destaque na preferência dos bebês por serem mais fáceis de mastigar do que alimentos como a carne.
"Nossos resultados sugerem que o desmame liderado pelo bebê promove preferências por comida saudável no começo da infância que podem proteger contra a obesidade. Essa descoberta é importante dados os problemas sérios com obesidade infantil que afetam muitas sociedades modernas", escreveram os pesquisadores.

MÃE NERVOSA
A "ansiedade" da mãe em ter um filho em boas condições de saúde pode levar a exageros na alimentação do bebê, segundo Ary Lopes Cardoso, chefe da Unidade de Nutrologia do Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da USP.
"A mãe quer ver o filho gordinho. As crianças ficam obesas pela proteção excessiva."
A orientação que ele e outros profissionais de saúde dão às mães é semelhante à que o novo estudo sugere: a criança tem que mostrar a vontade de comer e ser alimentada adequadamente, sem exageros motivados pela ansiedade.

Ricardo Bonalume Neto na 
Folha de São Paulo de 07/02/2012