DECLARAÇÃO
(R J Cardoso)
Permitirei que conheças todos os meus pensamentos...
Todos os meus segredos e todos os meus lamentos
Sob esse céu azul repleto de luz e de perspectivas
Onde posso ver o brilho das estrelas no tempo presente.
Esse amor que eu conheço é a verdade dos que amam
Mas não é um lugar apenas, não é uma paisagem verdejante.
Onde há aves, folhas, sons melancólicos e ar rarefeito.
Apenas anjos tocando seus clarinetes sob o olhar de Deus...
Eu só lhe pediria para não ovacionar o olhar perdido de toda essa
multidão...É com toda inocência da poesia, com um apelo no ar...
Mas para que chorar se a alegria está nesses gestos tão
Infantis onde tudo desperta nos braços das ilusões perdidas.
Como pode um amor, sem recíproca, nem beijo ardente, me diria.
De tão distante, por telefone vêm às lágrimas!
Que brotam, molham e escorrem sobre o rosto e torna esse olhar
Hermético qual larva de um vulcão.
Vem-me... É como se fosse a hora da partida e abre outra janela,
Sem rancor, sem amarguras, sem pudor, sem piedade e melancolia.
Oh! Deixe esse olhar de abandono num lago ao frisson do vento e
Posta-se de seios para o poente qual sereia a boiar no calmo mar.
Oh, doce vida! Sobre a chama ardente que envaidasse e tortura.
Placidamente deixa vagar no peito alegria e descontentamento.
Transforma meus castelos, onde habitam anjos de minha paz e faz
Vibrar o espelho dessa multidão que te ama e te idolatra.
Eu sei! Esse amor sabe que essa agitação é passageira, acalme-se
Que é apenas o momento da criação no calmo sossego da poesia,
Que surge e beija-me a face como fosse a gota d’água, o último
Suspiro, que me afaga, me encanta e me deixa delirando de tanto prazer!
Tu és sonho do sonho, o poeta inconsciente que vagueia nessa
Casa com teus suáves passos e serena musicalidade.
És tu! uma clave de Sol enfeitando a canção das águas em pleno
Luar em simetria e fragrância qual adolescente a brincar.
Teus versos transportam pulsações afetuosas! – flores!
Sonho fraterno nunca imaginado pelos que procrastinam a vida.
Visões de riachos partindo da fonte e colorindo paisagem
Crespa, "Sobre o panorama crucificado e monstruoso dos telhados!"(*)
Por que não vens? Por que não acentua tua candura a todos?
Por que não impregna essa alma nesse aroma macio de flores?
Deixe que o homem se envolva na face de teus personagens,
amor, doce amor, misterioso amor!
Amor, sonho declarado, tu és a antevisão.
Só tu sabes e aceitas todas às minhas idéias
São palavras de vida e de sonho em mim
O teu mundo, a tua lâmpada e a tua calmaria.
Créditos
Texto de R J Cardoso
Foto: Manhã de 06 de agosto de 2006 em Pitangueiras - Guarujá - SP
Autor desconhecido no site sobreasondas, atualmente fora do ar