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domingo, 27 de dezembro de 2009

SOLIDÃO A DOIS



SOLIDÃO A DOIS
(R J Cardoso)

O Telefone tocou, era de madrugada e eu trancado em minha casa, em plena Cidade Maravilhosa, numa incrível solidão. Atendi. Do outro lado uma voz me perguntou:


“Alô, qual é seu nome, posso saber? Não tenha medo eu só lhe quero falar de amor!”.


Confesso que senti meu coração acelerar naquele instante, pois eu não esperava por nenhuma ligação àquela hora. Disse apenas meu nome e me limitei a ouvir aquela voz em forma de canção. À medida que a voz vibrava em meus ouvidos, eu me excitava. O certo é, que já no inicio da conversa minha fantasia chegava ao extremo. Eu a pedi para se identificar, mas ela se recusou. Falou-me de coisas maravilhosas e marcamos um encontro. Cada um descreveu sua característica e traje que usaria para o reconhecimento. E depois desligou...


Fiquei imaginando como seria vê-la ao vivo e a cores. E enquanto imaginava meu coração saltava dentro do peito. Cada minuto demorava o que demora um mês e eu só tinha uma certeza: o tão sonhado dia chegaria; como chegou.


Tomei um ônibus próximo da estação de trens da Central do Brasil. Ao passar pela roleta perguntei ao cobrador se aquele ônibus passava na praça da felicidade, onde havíamos marcado o encontro e ele me respondeu que naquele lugar era proibida a passagem de veiculo automotor, explicando-me que o amor precisava de silêncio para a vida se completar. E tomado pela emoção que só é peculiar ao ser humano, sentei-me num banco ao lado do motorista, pois eu queria vislumbrar a paisagem sonhada por Monet.


Pedi ao motorista para eu descer no ponto mais próximo da praça. Dito e feito. Quando chegou ele parou, disse que eu podia descer e dobrar à direita. Passei por diversas casas de construções medievais, cujas ruas tinham forma de amor. Ao chegar, parei na esquina e pude avistar a mulher de meus sonhos. Aproximei-me e disse meu nome. Ela sem titubear me abraçou e me beijou ardentemente. Suas mãos cálidas deslizavam em meu corpo sôfrego e eu a amei como quem nunca havia sentido as delicias do amor. Escondi-me sob suas tranças e me deleitei do máximo que o amor podia oferecer. Sob as luzes de néon saímos a caminhar pela calçada, e os jardins floridos nos sugeriam noites de amor sem fim. Nosso olhar nos conduzia ao infinito e o sorriso reforçava o amor. Levou-me para a casa dos sonhos onde amamos, amamos e depois nos despedimos – Despediram-se corpo e alma, o amor não se despede nunca, se transforma em um recomeço – Ela seguiu seu destino, eu voltei para casa e fiquei aguardando até que o telefone tocasse outra vez.


Texto de R J Cardoso, por e-mail
Ilustração: José Geraldo da Silva

3 comentários:

  1. Minha conversa com R J Cardoso sobre a ilustração desta crônica.
    Eu: - Fiz uma ilustração com Monet no Rio de Janeiro
    J R Cardoso: - Outra vez você acertou na mosca, que bela ilustração.
    Eu:- É uma coisa complicada, achar uma ilustração para uma crônica ou poesia, eu fico imaginando os compositores de música e os letristas, como é que se arranjam, como se viram.
    Não sei se vc apenas concorda comigo por delicadeza, ou se realmente vc também tinha uma imagem assim na mente, mas de qualquer forma a imagem para o leitor passa a ser aquela definida por você com suas palavras e por mim com minhas ilustrações.

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  2. A imaginação do J R Cardoso foi longe!!!!
    Parabéns, pio bella,continue assim, é tão bom qdo se lê algo diferente,que foge da realidade, valeu, quero ter oportunidade de ler outras.....Abraços.....Edna.

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