Eu era menino, mas me lembro com se fosse hoje o dia em que Sericita se emancipou, deixando de ser Município de Abre Campo. Houve uma festança com a presença de autoridades diversas, inclusive da igreja, palanque com orquestra na praça e bispos crismando as crianças, enfim, foi bonito demais.
Porém à noite a festa não pode continuar, não havia luz elétrica, apenas lamparinas e lampiões a querosene, na esquina da praça principal a venda de João Arante era a mais notada por possuir melhor luminosidade e o atendimento de primeira.
Na rua que dava acesso a estrada em direção a Bocaina, Raiz e Ponte Coberta, idealizada por José Ângelo, ficavam os cavalos, meio de transporte da maioria dos fazendeiros na época, dava prazer estar em contato com tanta natureza.
Com o passar do tempo, a rua principal que era de terra foi calçada com paralelepípedos e as casas ganharam o reforço das calçadas. Surgiu, em alguns estabelecimentos a luz elétrica, cujas lâmpadas clareavam timidamente o ambiente porque a potência dos motores da usina não era suficiente para uma iluminação de verdade, tanto é que se todos acendesse as lâmpadas ao mesmo tempo a cidade virava um breu.
Tempos depois José Gomes, proprietário de um engenho a beira da estrada de acesso a Abe Campo, deu um grande impulso construindo uma usina com equipamentos elétricos mais potentes, ai sim, a cidade de Sericita passou a gozar de uma iluminação mais ou menos adequada as suas necessidades.
Nos anos de 1960, começou-se a construção da igreja cuja obra terminou ao apagar daquela década.
Infelizmente, o povo não podia eleger seu prefeito, era por um colegiado escolhido, não se podia fazer política, uma vez que o regime era de exceção – Ditadura Militar – que torturava e matava quem ao regime fizesse oposição. Mas as duras penas as coisas caminhavam; além da igreja foi construída a escola Clélia Bernardes, uma lutadora pela educação da população local.
Devagar, como meio de transporte além dos cavalos, vieram às bicicletas e o jipe com tração nas quatro rodas capaz de vencer os lamaçais das estradas esburacadas, os mais aventureiros, arriscavam cortá-las com uma rural e na maioria das vezes ficavam preso nos atoleiros, enfim, a vida era muito difícil; o escoamento da produção dependia das condições do tempo, porque quando chovia o trafego pesado não podia circular.
E por falar em transportes pesados, cabe ressaltar as grandes carretas de carvão mineral que cortavam Sericita com destino a Siderúrgica Usiminas situada em João Momlevade, bárbaro crime ecológico praticado com a devastação em Arapongas e mediações, carentes até hoje, me parece, de reparações pelo Estado brasileiro.
Ainda sobre as condições da estrada que liga Sericita a Abre Campo, pode-se dizer que a coisa mudou da água para vinho, mesmo levando em consideração a má qualidade do asfalto aplicado, segundo os entendidos no assunto.
Se isto de fato aconteceu é preciso reparos, mas nada tira o mérito dos políticos da região que lutaram por essa obra, restando-nos apenas dar-lhes os parabéns pela iniciativa, pois isto não foi a mais tempo realizado por falta de vontade política dos governantes do passado.
Texto de R J Cardoso
LIGANDO OS FATOS, ACABEI POR CONCLUIR, COM QUASE CERTEZA ABSOLUTA, QUE, NO DIA EM QUE O SAUDOSO GÊ CAETANO FOI O MEU PADRINHO DE CRISMA ( A cerimônia foi realizada em plena rua, em frente à praça da Matriz, mas nem me lembro se já existia a igreja atual. Sei que havia uma multidão, na época, eu com aproximadamente uns 6 ou 7, via aquilo como se estivessem ali milhares de pessoas ), POSSO AFIRMAR, QUASE CONVICTO, QUE NESSE MESMO DIA EM QUE O BISPO DOM OSCAR DE OLIVEIRA ME FEZ UMA CRUZ NA TESTA, ESTANDO AO MEU LADO COMO MEU PADRINHO, O GERALDO CAETANDO FERREIRA, FOI A FESTA DE EMANCIPAÇÃO DE SERICITA, DEIXANDO ASSIM DE SER DISTRITO DE ABRE CAMPO.
ResponderExcluirNeste comentário mostro toda minha convicção.... rsrs
É verdade Geraldo, você conseguiu lembrar dos fatos com todos os detalhes que eu. Que memoria, em amigo?
ResponderExcluirÉ verdade Geraldo, você conseguiu lembrar dos fatos com todos os detalhes melhor que eu. Que memoria, em amigo?
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