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sábado, 13 de fevereiro de 2010

A rua onde moro




A rua onde moro é barulhenta
Tem moradia de todos os estilos
E olham-me quando minha dor
Ao ponto culminante passa.

Tem pontos sem luz vergonhosos,
De onde voam papeis temerosos
Ao vento e estampidos que matam.

Na rua onde moro os gatos morreram
Os cães que ladravam desapareceram,
As arvores secaram devido à ação
Dos homens, a rua onde moro é pavorosa...

No templo não há ninguém de joelhos,
Temendo a sombra que surpreende.
A rua onde moro tem refletores
Que não acendem; lá o filho desrespeita
O pai porque não quer ser seu filho.

Na escuridão da moradia nada brilha.
Na rua onde moro não há pecado,
Só pecadores, os homens são heróis.
Os meninos são grandes e tem meninas grávidas,

Os felinos não miam mais...
Há fuga para manter a vida, arrependimentos,
Provocação e “traçantes" cortando o céu,
Aniquilamento e negação; trata-se de uma rua
Como as demais, com os mesmo problemas
Do cotidiano e muita angústia noturna.

Na rua onde moro não há eco vindo
Das cavernas como no passado, olhando
Do meu quarto inspira amor, vontade de fugir
Do zumbido das amas de fogo. Por fim,
Não há nem saudade do tempo que se foi...

R J Cardoso

Um comentário:

  1. Esta poesia me transportou ao Zumbido das amas de fogo e à visão dos meninos grandes meninas grávidas.

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