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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Nomes de ruas

Luciano Santana escreve.
Meu nome é Luciano Santana, solicito as autoridades de Sericita que aprovem na câmara municipal a mudança do nome das ruas do bairro chacara velha, que possuem nomes de estados brasileiros, para colocarem nomes de pessoas, uma das ruas poderia se chamar: Clébio Campos Ribeiro, falecido em  28/03/2000 prefeito na época!!! 


A sugestão do Luciano vem de encontro aos meus desejos, devemos homenagear as pessoas que participaram da fundação de Sericita e/ou contribuiram para seu engrandecimento. 


Meu avô Pedro Gomes da Silva deveria ser nome de rua, outras pessoas que contribuiram nos alicerces de Sericita deveriam ser lembrados. 

O Rio Santana nas lembranças de Lázaro Santana Rosa e Raimundo João Cardoso



O que será de você, 
meu caro Rio Santana, 
daqui a trinta ou quarenta anos?
O que será de nós?


Lázaro Santana Rosa escreve:
Linda história de vida de Raimundo João Cardoso.


Lí atentamente sua trajetória de vida e quero dizer-lhe, que me lembro de meus pais citar algumas vezes o nome de Saturnino, provavelmente o de seu pai. Possivelmente já tenhamos deparados em nossa infância pelas ruas de nossa Sericita, principalmente no comércio de João Queirós, uma "venda" onde se vendia de tudo, como ocorre até hoje.
Lembro-me que os principais comércios daquela época em Sericita, eram o de João Queirós, Neneco Cirilo e João Arantes, além da Loja de tecidos do Sr Manoel de Araújo. Meus pais saiam da roça, de nossa propriedade na Cabeceira de Santana, para fazerem compras de roupas e outros utensílios para uso na lida diária. Nós ficávamos em casa na espera de nossos pais, que com muita alegria levavam pães, bala doce, pirulitos e muitas outras coisas. Era uma festa para a criançada.
Espero que o Sr Raimundo João Cardoso leia este comentário e que ele faça novos comentários sobre Sericita. Talvez por ter saído muito cedo de Sericita, não se lembra de meus pais que são Raimundo Santana e Corina Rosa. Meu irmão mais velho é Cici Santana.
O que Raimundo Cardoso não deve esquecer é do Rio Santana, certamente já nadou muito em suas águas.
Por isso coloco nesse espaço algo que escrevi a respeito desse querido Rio:

“Saudades de um Rio”
Lázaro Santana Rosa – 01jan98

Montanhas, vales e morros circundavam a Fazenda.
As matas e as grandes pedras enfeitavam o ambiente.
Das entranhas da terra, naquele cenário lindo, jorrava cristalina e pura, a água, líquido precioso e imprescindível à sobrevivência dos moradores.
Formou-se um leito e naquele leito, escorregantemente, descia ladeira afora, aquele líquido, entremeado a raízes, troncos e pedras. E formavam poços, lagoas e remansos.
Aquele leito ganhou um nome: Rio Santana. Eu era um menino, uma criancinha mesmo, mas me lembro bem: naquele rio, com a meninada da época, banhávamos nos finais de tarde. Até podíamos arriscar alguns saltos para mergulho. Atravessá-lo a pé, jamais.
Das pequenas cachoeiras e quedas d’água que se formavam no seu curso, ouvíamos o seu cantarolar. Um espetáculo! Até parece que ele nos saudava, ou quem sabe, nos implorava para mantê-lo vivo, e não deixasse que mãos insanas o assassinassem.
O barulho ensurdecedor das águas, principalmente no silêncio da noite, simbolizava talvez, um grito de alerta, já imaginando um futuro impiedoso e cruel.
Mais de trinta ou quarenta anos se foram. As águas já não são tão volumosas e cristalinas como antes. Já se pode atravessá-lo a pé, quem sabe, com um passo largo.
As matas e vegetações que enfeitavam suas margens foram substituídas pelos cafezais. Fertilizantes e agrotóxicos são usados com freqüência, sem os cuidados necessários. Mas e daí? Daí, é que este líquido tão precioso, pode estar sendo contaminado e pode nos contaminar também.
O que será de você, meu caro Rio Santana, daqui a trinta ou quarenta anos? O que será de nós?
Ah! Que saudades de um Rio!

Lázaro Santana Rosa

30 de Agosto de 2009 07:18, por depoimento.





O texto abaixo é de Raimundo João Cardoso (R J Cardoso) e faz parte da abertura da obra Amor Para Sempre
Em 1949. O rio Santana, sustentados pelos campos sinuosos e pelos quilômetros sucessivos de canais na baixada, à leste do arraial, chegava inclinado ao centro do povoado, cortando as barrancas de Sericita para só então se estender pela fumegante carvoaria, de fornos profundos e antigos, que, à noite, adquiria vida com o sopro ativo do vento. Um lugar que à tarde as crianças, em sua maioria alegre, se sentiam sufocadas. Depois da carvoaria, o rio se estreitava e apresentava uma curva fechada na direção norte para abraçar a encosta da montanha desnuda.
Depois, continuava ondulante pelo campo de futebol de duas traves, recém-recuperado. O campo tinha sido abandonado durante o período da guerra; mas, assim que os homens retornaram da Itália, grupo de voluntários tinha trabalhado duro para recuperá-lo ao seu estado anterior, com a relva baixa e nivelada de maneira a ludibriar olhares, aprovisionado de estorvo de areia, tendo no rio um obstáculo de água reentrante, transposto por belas pontes de concreto.
Chique-chique, taboas e juncos cresciam nas margens confinante à água; e no auge do verão havia copo-de-leite e mamonas bem como carregadas nuvens de lavadeira e borboletas. Não se precisava ir muito longe seguindo a correnteza para ver tambaquis ou piabas. Havia serpentes, com certeza, e ratos perfumados, além de ligeiro temor de afogamento. Porém, na pior das hipóteses, a água era tida somente como um pequeno risco, somente como alguma coisa natural, alguma coisa para qual se podia fazer vistas grossas sem problemas algum. A maior parte dos moradores de Sericita ia do berço à sepultura sem se preocupar sequer uma vez com o rio. Com certeza, não havia meio de mudar isso.
Quando saia do campo de futebol, o rio atravessava por sob os arcos alinhados da apertada ponte da estrada que marcava o contorno sul do arraial e, finalmente, entrava no arraial propriamente dito, passando por detrás da fábrica de laticínio lá próximo das trilhas duplas, depois pelo matadouro e pelos derradeiros paióis que restavam.
O setor cafeeiro ainda estava em ação no ano de 1940, e uma fabrica de laticínio era alguma coisa de suma importância para um arraial tão pequeno, uma vez que representava colocação tanto para trabalhadores homens quanto para trabalhadoras mulheres: tarefa sazonal, importante e pesada no processamento de leite e seus derivados. O emprego era bem recompensado, mas, por se tratar de produto inteiramente condicionado ao mercado e as pastagens especiais, a fabricação tinha seus tropeços. O emprego tinha sido contínuo só durante a guerra, quando milhares de litros de leite chegavam em possantes caminhões para serem preparados e enviados para os homens que trabalhavam em terras distantes
No inverno, junto ao paiol de madeira, a garotada vestindo grossos casacos com aroma de naftalina apoiavam as luminárias nos forcados das árvores que se alinhavam na extensão do rio para retirar areia, arremessando-a com pás para as margens mais altas. Retirava com cautela na areia mais finas a fim de deixar os montes organizados o suficiente para serem postos no caminhão sob o céu azul de inverno, que não era negro, porém sempre de um azul-marinho mais carregado possível. Meninos da mesma família lutavam pela vez de carregar os caminhões; e luvas encarnadas eram abandonadas no local até que aparecessem novamente através do brilho sol de inverno, penduradas nos galhos verdes das arvores mais baixas, à espera da próxima estação. Havia noites em que, a luminosidade derivada da lua longínqua e dos astros refletia-se na água gelada, como objeto de cetim para indumentária de bodas, a criançada apagava as luminárias, honradas por estar ao ar livre à noite sozinha, sentindo-se protegidas pela luz da natureza.
Dentro de bem pouco tempo, porém, não haveria necessidade de as crianças tirar areia do rio Santana com pás para a própria sobrevivência porque os moradores estavam aventando a possibilidade da construção de um centro esportivo, um edifício majestoso em homenagem a Santa Rita de Cássia, padroeira do lugar. 2 de Novembro de 2009 18:09



Raimundo João Cardoso responde ao Lázaro Santana Rosa em 5 de Novembro de 2009 11:02
Lázaro, lembro-me de seu Raimundo, dona Corina e Cici.
Saí de Sericita com 18 anos de idade e lá muito pouco voltei, sou sobrinho do Angelo e Arminda pais de Conceição, Maria, Expedito e José Justo que quem voce deve se lembrar. Minhas tias Ana e Antonia moram em Sericita, agora, depois de morar em São Paulo por alguns anos estão lá também Minha mãe Josefina, Eva e Geraldo meus irmãos. Sou apaixonado por Sericita. Agora gostaria de lhe parabenizar pela bela poesia e lhe convidar para ler meu trabalho literario no Recanto das Letras:
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/raijoao, abraço amigo!



Explicação: os textos acima foram copiados de depoimentos feitos aqui no Jornal de Sericita

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Arminda Sampaio Viana

Me chamo Lucimar Alves Ferreira Henriques


Minha vó paterna se chama:


Arminda Sampaio Viana e a família dela toda é dai de Sericita.
Segue baixo a árvore genealógica até onde eu sei.


Maria Sampaio Viana
Francisco de Paula


pais da minha vó Arminda.
abaixo os irmãos da minha vó.


Raimundo
Antônio
José - apelido de Leleco e que tem uma filha que se chama Neide.
Fizica
Maria
Rita
Tereza
e minha avó
Arminda




Gostaria muito de ter notícias da nossa família...
Aguardo anciosa pela resposta de vcs...
Um grande abraço á tds...

Segue foto da minha vó Arminda...



Minas

Minas é bom demais, tem queijo curado,
Café torrado e fazendas de fazendeiros bons.
Têm porcas com leitões, vacas leiteiras
Nos currais e gente boa pra não acabar mais.


Em Minas a vida é sensacional, não há corre-corre,
As pessoas pensam mais e todos são felizes
Nos braços de seus madrigais; o amor é mais
Latente entre amigos e distantes parentes.


Minas tem gente bonita de calma interminável
Cachoeiras e cascatas, saraus e serenata
Tem poesia de Drummond, escultura de Aleijadinho
Tem tanta coisa boa, que mesmo estando à toa
Nunca se está sozinho... “Ô Minas Gerais!


Quem te conhece não esquece jamais”.
 
De R J Cardoso


Recado de R J Cardoso aos leitores do Jornal de Sericita


Olá, amigos!
Gostaria muito de rever a fazenda de FRANCISCO COELHO, o pai de Paulo, Hermes, Dazinha e Luiz Antonio, foi que vivi meus primeiros dias. Se alguem tiver fotos envie-me para o E-mail raijoaocar@hotmail.com
Se quiser saber mais sobre mim acesse: http://www.rjcardoso.recantodasletras.com.br

domingo, 15 de novembro de 2009

O asfalto que caiu no buraco

Sericita 20 km de asfalto?
Vamos ver?
Conferir?






Decepção!
Ainda não. O asfalto ainda não chegou!
Ainda tem muita estrada de terra.




A tinta, pixe, que jogaram em cima da terra já se transformou em terra, ou seja em buracos.







Vejam a espessura do asfalto, comparem com o altura da sandália.
Não existe concreto para formar o asfalto: só tinta.






O papel amassado e mais espesso que o asfalto!



A placa deveria avisar cuidado buraco.



Antes de chegar na cidade um desnível em cima de um fio de d'água.

Tudo indica que as obras serão retomadas, desta vez será pra valer, desta vez vão colocar concreto debaixo da tinta preta?
Ou mais uma vez vão pintar a terra com pixe?

sábado, 14 de novembro de 2009

Protesto fecha a BR-381 durante 40 minutos em MG


Protesto fecha a BR-381 durante 40 minutos em MG

Segundo a PRF, cerca de 500 pessoas participaram do ato.
Tráfego no local já foi liberado.


Uma manifestação interrompeu o trânsito na BR-381 por 40 minutos, no trevo de Nova União, na tarde desta sexta-feira (13).

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), cerca de 500 pessoas participaram do movimento. O congestionamento na rodovia chegou a seis quilômetros nos dois sentidos.


Os manifestantes foram retirados da rodovia com a ajuda do Batalhão de Choque da Polícia Militar. De acordo com a PRF, o tráfego no local já foi liberado e não há mais congestionamento.

Do G1 - http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1378795-5598,00-PROTESTO+FECHA+A+BR+DURANTE+MINUTOS+EM+MG.html
Meu comentário:

Tem todo meu apoio.

Uma pena que não me convidaram.

Moro em São Paulo e utilizo a 381 para ir até São Pedro dos Ferros e Sericita, tenho que passar na rodovia da morte.
A população tem que se unir e exigir providências das autoridades, eu já vi muitos acidentes, principalmente numa curva perto de João Monlevade.

Parabéns a todos que participaram do protesto.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

NOTA AO PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE E À SOCIEDADE EM GERAL

São Bernardo do Campo, 31 de outubro de 2.009.

Nota ao Partido Socialismo e Liberdade e à sociedade em geral.

Comunicamos a todos, que o Diretório Municipal do Partido Socialismo e Liberdade - PSOL - de São Bernardo do Campo, reunido na data supra, deliberou formalizar junto às instâncias partidárias seu descontentamento e seu posicionamento frente aos fatos que tentam se impor acima dos debates e deliberações internas, bem como dar publicidade junto aos meios de comunicação em geral, que discordamos veementemente de posturas que estão sendo "alinhavadas" nestes últimos meses de forma, no mínimo, bastante questionáveis, tais como:
a) A Executiva Nacional remarcar para março/2.010 a Conferência
Eleitoral, contrariando a determinação do Congresso Nacional do partido de realizá-la no mês de outubro;

b) A Postura como a de nossa presidente nacional Heloisa Helena de manifestar, através dos meios de comunicação, seu apreço pela candidatura de Marina Silva, desprestigiando o Partido e construindo a política do fato consumado, favorecendo as disputas internas ante uma política de unidade partidária.

Nós, do PSOL de São Bernardo do Campo, queremos registrar nossa discordância com essas posturas e reafirmar que defendemos CANDIDATURAS PRÓPRIAS DE NOSSO PARTIDO EM TODOS OS NÍVEIS ..
Diretório Municipal do Partido Socialismo e Liberdade

Aldo Santos - Presidente
Melão Monteiro - Vice

Deus é fiel

Afinal, o que diabos significa dizer que Deus é fiel?

EIS UMA frase que vemos, atualmente, estampada por toda a parte: dos gigantescos outdoors aos vidros dos automóveis, sem falar dos templos, das traseiras de caminhões e das faixas ostentadas nas passeatas pop-evangélicas.
Num outro momento e lugar, esse fato talvez não merecesse maiores considerações. Afinal, fanatismo religioso e proselitismo exagerado sempre houve neste "mundo de meu Deus", e por sua causa já muito se matou e se morreu.
Todavia, não podemos esquecer que é de um "ungido" Brasil pré-eleitoral que estamos falando, ele mesmo situado numa América Latina "consagrada" a líderes messiânicos que se creem mais do que deuses.
E, se apenas alguns deles ousam ser tão blasfemos a ponto de se compararem ao próprio Cristo, todos eles, sem exceção, desejam ver os seus mandatos religiosamente prorrogados "até o final dos tempos". Ou, se tal não for possível, devido às manobras da "maligna" oposição, esperam ao menos passar a faixa presidencial para o discípulo ou a discípula mais amada, na esperança de que, em breve, possam voltar -ressuscitados- ao poder que idolatram de forma luciferina.
Cabe-nos, portanto, investigar, ainda que brevemente, o que diabos significa dizer que Deus é fiel. Em primeiro lugar, não deixa de ser notável que, num mundo onde a infidelidade sempre foi a regra dominante (se é que desejamos ser fiéis à verdade), se procure atribuir a Deus, com especial relevância, não a qualidade de ser bondoso ou justo, mas a de ser fiel. E isso precisamente numa época em que reina a publicidade -a "sacerdotisa-mor" da mentira, a "deusa-mãe" do engodo- e na qual amigo trai amigo, os sacerdotes traem os seus rebanhos, os políticos os seus eleitores, os comerciantes os seus clientes etc.
Não seria isso, talvez, algum tipo de "projeção compensadora", semelhante às discutidas por Freud, Marx, Nietzsche e Feuerbach, que visaria, ao jogar toda a luz sobre a divina perfeição, ocultar nas sombras a podridão humana?
Por outro lado, quando dizemos que Deus é fiel -supondo que saibamos, na teoria e na prática, o que é fidelidade-, na mesma hora nos vem à mente uma questão: a quem, nesse caso, seria Ele fiel?
Aos católicos que trucidaram protestantes ou aos protestantes que trucidaram católicos? Aos nazistas que assassinaram judeus nos campos de concentração ou aos israelenses que supliciam palestinos nos campos de refugiados? Aos muçulmanos que mataram "ocidentais" no 11 de Setembro ou aos "ocidentais" que massacram muçulmanos no Iraque e no Afeganistão? A Stálin, Pol Pot e Mao, que eliminaram dissidentes como matamos mosquitos, ou a Hitler, Mussolini e Franco, com suas terríveis atrocidades? Aos corintianos que esfolam palmeirenses (e vice-versa) ou aos cronistas esportivos que, por maldade ou ignorância, estimulam a violência nos estádios?
Infelizmente, se examinarmos as coisas como de fato se apresentam -tendo a história como suprema corte, como dizia Hegel- e não com os benevolentes olhos do "outro mundo", forçoso será concluir que o Pai Eterno se mostra bem mais fiel aos que esbanjam dinheiro nos shoppings de luxo do que às crianças que se acabam nos semáforos da Pauliceia; aos que erguem as odiosas barreiras transnacionais do que aos migrantes de todas as latitudes que não se cansam de tentar atravessá-las; aos malandros que vendem a salvação neste ou n'outro mundo do que aos crédulos que tolamente a compram; enfim, aos malvados, desonestos e egoístas do que aos bons, corretos e solidários.
Eu, que não sou teólogo, ouso crer, piedosamente, que Deus -se é que Ele existe- não é fiel a mortal algum, mas unicamente a Si mesmo, à Sua inextrincável complexidade, à Sua silenciosa incompreensibilidade, à Sua incognoscível natureza (incognoscível, quem sabe, até para Ele).
O que nos resta, a nós mortais, se formos lúcidos, é o enfrentamento cotidiano da terrível solidão desses espaços infinitos, que tanto assustavam Pascal, e dos quais provavelmente não virá resposta alguma, sobretudo se as perguntas forem feitas por pseudossacerdotes ou por políticos de ego inflado.
O que precisamos, no fim das contas, é ter coragem para lutar contra a tendência universal da humanidade a se curvar e a obedecer, que é muitíssimo maior do que qualquer eventual vontade de autonomia. Por causa dessa tendência, uns poucos "lobos" espertalhões são capazes de pastorear rebanhos gigantescos de "carneirinhos humanos", que se prostram agradecidos ao jugo do chicote, sempre contentes e -claro- fidelíssimos.

Texto de CLÁUDIO GUIMARÃES DOS SANTOS , 49, médico, psicoterapeuta e neurocientista, é escritor, artista plástico, mestre em artes pela ECA-USP e doutor em linguística pela Universidade de Toulouse-Le Mirail (França).
perplexidadesereflexoes.blogspot.com


Da Folha de São Paulo de 12/11/09