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domingo, 14 de setembro de 2008

Fumo: até quando?

Escrevo sobre a necessidade de conter o tabagismo desde 1994. Embora cadente, o número de fumantes ainda é muito grande. Várias doenças malignas afetam os fumantes ativos e passivos -os que são obrigados a respirar a fumaça dos primeiros.
O maior prejuízo do tabagismo é para os que adoecem e sofrem intensamente antes de morrer. Mas há outras perdas. O cigarro ceifa a vida de jovens que fazem falta para o país. Ademais, gera enormes despesas.
Márcia Pinto, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, estima que o SUS gaste anualmente R$ 340 milhões para tratar 32 moléstias causadas pelo hábito de fumar.
Se forem incluídas todas as despesas que a sociedade tem com esses pacientes, a conta ultrapassa a casa de R$ 1 bilhão por ano.
Em boa hora, o governador José Serra enviou para a Assembléia Legislativa um projeto de lei que proíbe fumar em lugares fechados.
É preciso que essa lei pegue.
Lembro-me que, em 1996, o Congresso Nacional aprovou a lei 9.294, que proibia a prática do tabagismo em recinto coletivo, privado ou público, incluindo hospitais e postos de saúde, salas de aula, bibliotecas, recintos de trabalho coletivo, teatro e cinemas, assim como aeronaves e demais veículos de transporte coletivo. Infelizmente, decisões judiciais revogaram vários dos dispositivos da lei, enfraquecendo-a. José Serra, como ministro da Saúde (1998-2002), fez campanha contra o fumo. É um obstinado.
Em 2005, conseguiu a ratificação do Brasil ao acordo internacional da OMS de combate ao fumo. Sempre se preocupou com os enormes gastos para cuidar dos doentes do fumo, na maioria sem cura.
Como governador, ele volta ao tema. Acho que ele está certo. Afinal, as pessoas têm todo o direito de fumar, mas não têm o direito de fazer adoecer quem não fuma e, ainda por cima, fazer a sociedade financiar o seu vício. Cabe ao governo agir para reduzir os estragos nos indivíduos e nas finanças públicas.
Pesquisas realizadas nos Estados Unidos mostraram que a drástica redução do tabagismo alcançada naquele país deveu-se à combinação de (1) medidas coercitivas (como a pretendida) com (2) boas campanhas educativas nas escolas e com (3) programas de televisão que mostravam imagens pavorosas dos pulmões, boca e garganta dos que adoeceram pelo fumo.
A proibição por lei é um primeiro passo importante. Mas não se pode descuidar da educação e do que aterroriza os incautos.
As pessoas precisam ver a devastação que o tabagismo causa em seus organismos. Para lidar com um vicio poderoso, só com medidas mais poderosas

Texto de Antônio Ermírio de Moraes, na Folha de São Paulo de 14/09/08

http://www.antonioermirio.com.br/

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