As soluções para a crise financeira internacional devem ser encontradas com a ajuda dos países em desenvolvimento e não mais apenas pelas sete nações mais ricas do mundo – como era antes da reunião do último final de semana em Washington, na qual participaram 20 lideranças de países que somam mais de 85% do PIB mundial. Segundo o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, uma das decisões consensuais tomadas pelos líderes é a necessidade da participação não apenas dos países mais ricos do mundo, mas dos emergentes, dos países em vias de desenvolvimento, que têm uma grande população. “Já não é mais o G-8. Agora é o G-20”, afirmou Lula no programa de rádio Café com o Presidente, realizado nesta segunda-feira (17).
Segundo o presidente da República, há uma grande afinidade de posições e compromisso de todos os governantes do G-20, em torno das medidas para resolver a crise financeira internacional. A primeira delas é restabelecer a liquidez e restaurar a confiança no mercado financeiro, pois fica muito difícil a economia funcionar sem crédito. “No Brasil, já adotamos medidas nesse sentido. Faz 30 dias que estamos adotando medidas para permitir a irrigação do sistema financeiro e garantir que se tenha crédito para que o consumo continue acontecendo, para que as empresas continuem produzindo, o comércio vendendo e o povo comprando. É isso que vai ativar a economia”, avalia o presidente. Anti-recessão - A segunda medida aprovada pelos líderes foi a adoção de políticas anti-recessivas para evitar uma grande desaceleração do crescimento econômico mundial, especialmente uma queda abrupta e significativa do crescimento, que já está acontecendo em alguns países europeus. O terceiro ponto importante, segundo o presidente, é a regulação do sistema financeiro de modo a conter a especulação descolada da economia real e do mundo do trabalho. “O sistema financeiro tem que ajudar o setor produtivo para que ele gere os empregos necessários, para que o comércio cresça, para que o consumo cresça e para que a sociedade viva uma vida digna e decente”, explicou o presidente. Para ele, a falta de controle de alguns países foi a causa da crise financeira. “As medidas que tomamos, por unanimidade, são extremamente importantes para que a gente possa controlar o sistema financeiro e evitar que eles continuem a prática do cassino”, disse Lula.
Um dos resultados mais importantes da reunião, segundo o presidente, foi o clima de cooperação internacional. “Finalmente, todos os países se colocaram de acordo que nós precisamos tomar decisões coletivas para evitar que uma tomada de posição em um país possa prejudicar outro”. Como parte desta política de cooperação, está a retomada da Rodada de Doha, para desenvolver o comércio mundial.
Na opinião do presidente da República, a reunião de Washington foi um marco na história do século XXI. “Participei da reunião mais importante entre líderes de países, de tantas que eu já fiz”, contou o presidente. Segundo ele, o encontro foi marcado pelo consenso de que o grupo de 20 países deve trabalhar junto. “Na hora de tomar as grandes decisões, o G-20 se transformou num fórum importante. Daí a minha crença de que estamos no caminho certo para debelar essa crise e para evitar outras crises”, afirmou.
FMI – O ministro Guido Mantega disse durante a reunião de ministros da Fazenda, que essa crise é o momento de aperfeiçoar e democratizar as instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Para o ministro, as Metas do Milênio, que têm por objetivo a redução da desigualdade, devem ser o centro das políticas econômicas. “Não podemos nos esquecer dos enormes desafios da humanidade, como a pobreza, a fome e as mudanças climáticas”, disse o ministro.
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