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terça-feira, 15 de março de 2011
domingo, 13 de março de 2011
Desaparecidos na ditadura
Aluno inspira promotor a apurar desaparecimentos na ditadura
Rodrigo Ayres não participou da luta contra a ditadura militar (1964-1985) nem teve parentes vítimas do regime. Mas, aos 24 anos, conseguiu convencer um promotor a instaurar procedimento para investigar desaparecimentos forçados no período.
Ao escrever a monografia "Dos Porões à Corte Interamericana de Direitos Humanos: Desafios da Anistia", para o curso de Direito da PUC-Rio, Ayres inspirou o promotor militar Otávio Bravo a instaurar o procedimento para investigar pessoas que desapareceram com a participação de militares ou em unidades das Forças Armadas.
A iniciativa, tomada no mês passado, foi comemorada por familiares de desaparecidos na ditadura.
Em seu trabalho de conclusão de curso, Ayres afirma que a condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos obriga o país a investigar os desaparecimentos forçados.
Considerados análogos a sequestros, eles não estariam cobertos pela Lei da Anistia, já que seriam crimes continuados, e não anteriores à lei, de 1979.
"Comecei a juntar as peças para entender que era possível juridicamente fazer uma investigação como essa na Procuradoria. O trabalho que ele [Ayres] fez foi fundamental para que eu sedimentasse essa ideia na minha cabeça", disse Bravo, orientador de Ayres na monografia.
COLABORAÇÃO
De acordo com o recém-formado, a relação entre professor e aluno foi de colaboração mútua. "Senti que, ao mesmo tempo que me orientava, ele também pesquisava. No meio do trabalho, às vezes eu citava um livro ou um documento e ele me pedia cópia para estudar."
Morador da Tijuca, zona norte da capital, o agora bacharel em Direito não sabe bem quando passou a se interessar pelo tema.
Sua mãe, psicóloga, é amiga de Cecília Coimbra, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais. Ayres afirma, no entanto, que nunca militou pela causa.
Apesar da aparente distância do tema, ele diz que o assunto deveria interessar a todos, mesmo aos jovens que não viveram o período.
"Estamos falando da história do nosso país, nossa identidade nacional. Transpassa o âmbito dos familiares. Apesar de eles serem os primeiros atingidos e interessados, estamos falando do modelo de sociedade que nós queremos", afirma.
E emenda: "Como cidadão, eu tenho o direito de saber o que aconteceu entre 1964 e 1985. Não se pode abrir uma lacuna da nossa história e dizer: "Isso aqui é segredo'".
Ayres pretende prestar concurso público para tentar uma vaga no Ministério Público Federal.
Texto de Italo Nogueira na Folha de São Paulo de 13/03/2011
Rodrigo Ayres não participou da luta contra a ditadura militar (1964-1985) nem teve parentes vítimas do regime. Mas, aos 24 anos, conseguiu convencer um promotor a instaurar procedimento para investigar desaparecimentos forçados no período.
Ao escrever a monografia "Dos Porões à Corte Interamericana de Direitos Humanos: Desafios da Anistia", para o curso de Direito da PUC-Rio, Ayres inspirou o promotor militar Otávio Bravo a instaurar o procedimento para investigar pessoas que desapareceram com a participação de militares ou em unidades das Forças Armadas.
A iniciativa, tomada no mês passado, foi comemorada por familiares de desaparecidos na ditadura.
Em seu trabalho de conclusão de curso, Ayres afirma que a condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos obriga o país a investigar os desaparecimentos forçados.
Considerados análogos a sequestros, eles não estariam cobertos pela Lei da Anistia, já que seriam crimes continuados, e não anteriores à lei, de 1979.
"Comecei a juntar as peças para entender que era possível juridicamente fazer uma investigação como essa na Procuradoria. O trabalho que ele [Ayres] fez foi fundamental para que eu sedimentasse essa ideia na minha cabeça", disse Bravo, orientador de Ayres na monografia.
COLABORAÇÃO
De acordo com o recém-formado, a relação entre professor e aluno foi de colaboração mútua. "Senti que, ao mesmo tempo que me orientava, ele também pesquisava. No meio do trabalho, às vezes eu citava um livro ou um documento e ele me pedia cópia para estudar."
Morador da Tijuca, zona norte da capital, o agora bacharel em Direito não sabe bem quando passou a se interessar pelo tema.
Sua mãe, psicóloga, é amiga de Cecília Coimbra, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais. Ayres afirma, no entanto, que nunca militou pela causa.
Apesar da aparente distância do tema, ele diz que o assunto deveria interessar a todos, mesmo aos jovens que não viveram o período.
"Estamos falando da história do nosso país, nossa identidade nacional. Transpassa o âmbito dos familiares. Apesar de eles serem os primeiros atingidos e interessados, estamos falando do modelo de sociedade que nós queremos", afirma.
E emenda: "Como cidadão, eu tenho o direito de saber o que aconteceu entre 1964 e 1985. Não se pode abrir uma lacuna da nossa história e dizer: "Isso aqui é segredo'".
Ayres pretende prestar concurso público para tentar uma vaga no Ministério Público Federal.
Texto de Italo Nogueira na Folha de São Paulo de 13/03/2011
quarta-feira, 9 de março de 2011
Nota de falecimento: Clarice Gomes Silva
É com pesar que comunico o falecimento de minha tia Clarice Gomes Silva, viúva de Adalgísio Serafim da Silva.
Clarice era agricultura, deixa filhas, noras, genros e muitos netos.
Todos, como eu, que tiveram a felicidade de conhecê-la e dividir um cafezinho com ela estamos muito tristes.
O mundo perde uma pessoa generosa, que cuidou de sua família e ainda sobrava um carinho para todos que se aproximavam dela.
Clarice era agricultura, deixa filhas, noras, genros e muitos netos.
Todos, como eu, que tiveram a felicidade de conhecê-la e dividir um cafezinho com ela estamos muito tristes.
O mundo perde uma pessoa generosa, que cuidou de sua família e ainda sobrava um carinho para todos que se aproximavam dela.
Certamente os anjos ganharam uma grande concorrente
O pior imposto
Sempre encontramos nos jornais pregações contra a carga tributária brasileira. Não são poucos aqueles que compreendem como o maior desafio do governo desonerar os contribuintes de impostos que corroeriam os salários sem a devida contrapartida em termos de serviços públicos.
Podemos então aproveitar esse debate e lembrar: se o governo brasileiro quer, de fato, desonerar o contribuinte pessoa física, ele deveria combater esse que é o pior de todos os impostos, a saber, a mensalidade da escola particular.
Uma família de classe média que tiver dois filhos pagará, muito facilmente, entre R$ 2.000 e R$ 3.000 por mês com educação. Retirando a dedução do imposto de renda de, no máximo, R$ 2.592,29, vê-se como o gasto com educação corrói brutalmente os rendimentos.
Devemos falar, no caso das mensalidades, em imposto porque essa família não tem escolha. Ela deve pagar isso se quiser que seus filhos tenham alguma formação minimamente adequada. Atualmente, salvo raras exceções, só se coloca filho em escola pública quando não há outra opção.
Na maioria dos países desenvolvidos, a escola privada é uma escolha feita pela família, muitas vezes motivada pela procura de uma educação de cunho confessional. No Brasil, ela é uma imposição.
Assim, quando o governo discutir diminuição de impostos, deveria começar por permitir à população voltar a ter escolha entre matricular seus filhos em uma escola pública ou privada. Dar a ela a verdadeira liberdade de escolher.
Podemos ver isso como uma questão econômica fundamental. Pois, se há um imposto que trava o desenvolvimento econômico brasileiro, esse imposto é a mensalidade das escolas privadas.
Sem ele, teríamos mais dinheiro para as famílias desenvolverem seus projetos, seu empreendedorismo e seus ideais de consumo.
Mas, para além disso, teríamos ainda uma escola realmente inclusiva, onde o convívio e o respeito aos cidadãos de classes sociais distintas poderia, enfim, começar. Abandonaríamos um modelo segregacionista em que jovens de classe média passam a vida toda sem contato com classes mais baixas no ambiente escolar, isto a não ser quando alguma escola resolve fazer "estudo de meio" em favelas.
Neste momento, em que a economia brasileira transformou-se na sétima maior do mundo e que ruma, certamente, para a quinta posição dentro de uma década, chegou a hora de aprendermos algo com a China.
O plano quinquenal que ditará o desenvolvimento chinês nos próximos cinco anos tem como grande tema o "crescimento inclusivo". Isto significa deixar de pensar apenas no volume do crescimento e entender a relevância econômica da questão social.
Texto de Vladimir Safatle na Folha de São Paulo de 08/03/2011
e-mail
Podemos então aproveitar esse debate e lembrar: se o governo brasileiro quer, de fato, desonerar o contribuinte pessoa física, ele deveria combater esse que é o pior de todos os impostos, a saber, a mensalidade da escola particular.
Uma família de classe média que tiver dois filhos pagará, muito facilmente, entre R$ 2.000 e R$ 3.000 por mês com educação. Retirando a dedução do imposto de renda de, no máximo, R$ 2.592,29, vê-se como o gasto com educação corrói brutalmente os rendimentos.
Devemos falar, no caso das mensalidades, em imposto porque essa família não tem escolha. Ela deve pagar isso se quiser que seus filhos tenham alguma formação minimamente adequada. Atualmente, salvo raras exceções, só se coloca filho em escola pública quando não há outra opção.
Na maioria dos países desenvolvidos, a escola privada é uma escolha feita pela família, muitas vezes motivada pela procura de uma educação de cunho confessional. No Brasil, ela é uma imposição.
Assim, quando o governo discutir diminuição de impostos, deveria começar por permitir à população voltar a ter escolha entre matricular seus filhos em uma escola pública ou privada. Dar a ela a verdadeira liberdade de escolher.
Podemos ver isso como uma questão econômica fundamental. Pois, se há um imposto que trava o desenvolvimento econômico brasileiro, esse imposto é a mensalidade das escolas privadas.
Sem ele, teríamos mais dinheiro para as famílias desenvolverem seus projetos, seu empreendedorismo e seus ideais de consumo.
Mas, para além disso, teríamos ainda uma escola realmente inclusiva, onde o convívio e o respeito aos cidadãos de classes sociais distintas poderia, enfim, começar. Abandonaríamos um modelo segregacionista em que jovens de classe média passam a vida toda sem contato com classes mais baixas no ambiente escolar, isto a não ser quando alguma escola resolve fazer "estudo de meio" em favelas.
Neste momento, em que a economia brasileira transformou-se na sétima maior do mundo e que ruma, certamente, para a quinta posição dentro de uma década, chegou a hora de aprendermos algo com a China.
O plano quinquenal que ditará o desenvolvimento chinês nos próximos cinco anos tem como grande tema o "crescimento inclusivo". Isto significa deixar de pensar apenas no volume do crescimento e entender a relevância econômica da questão social.
Texto de Vladimir Safatle na Folha de São Paulo de 08/03/2011
Enviei um e-mail para o Vladimir concordando com o artigo dele e alertando de outras aberrações.
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Concordo plenamente com sua argumentação sobre a obrigatoriedade de pagarmos as mensalidades escolares, isto é um imposto no sentido literal da palavra de ser obrigatório, que se obrigou a aceitar .
A taxação da saúde é outro imposto, pois somos obrigados a pagar as mensalidades da assistência
médica, que o governo também negligencia, até mesmo famílias de baixa renda, pagam assitência médica particular.
Segurança é outro imposto, fora o vigilante de quarteirão, as famílias de marior poder aquisitivo pagam segurança particular, os pequenos comerciantes, farmácias, lojas, oficinas, são obrigados a pagar segurança particular para evitar assaltos.
Se somarmos tudo que seria obrigação do governo, veremos que a carga tributária é muito maior do que se fala.
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Concordo plenamente com sua argumentação sobre a obrigatoriedade de pagarmos as mensalidades escolares, isto é um imposto no sentido literal da palavra de ser obrigatório, que se obrigou a aceitar .
A taxação da saúde é outro imposto, pois somos obrigados a pagar as mensalidades da assistência
médica, que o governo também negligencia, até mesmo famílias de baixa renda, pagam assitência médica particular.
Segurança é outro imposto, fora o vigilante de quarteirão, as famílias de marior poder aquisitivo pagam segurança particular, os pequenos comerciantes, farmácias, lojas, oficinas, são obrigados a pagar segurança particular para evitar assaltos.
Se somarmos tudo que seria obrigação do governo, veremos que a carga tributária é muito maior do que se fala.
terça-feira, 8 de março de 2011
Empoderar as mulheres de baixa renda
ENTREVISTA ROSE MARIE MURARO
Quero "empoderar" as mulheres de baixa renda
PIONEIRA DO FEMINISMO NO BRASIL DIZ QUE FALTA CONQUISTAR IGUALDADE DE SALÁRIO ENTRE HOMENS E MULHERES; PARA ELA, MOVIMENTO HOJE É MAIS SILENCIOSO, MAS MAIS PROFUNDO
Rose Marie Muraro não para. Aos 80 anos, quase cega e numa cadeira de rodas, ela diz que está muito bem. "Tenho feito de tudo. Escrevo enlouquecidamente."
Seu 36º livro vai se chamar "Um Mundo ao Alcance de Todos". Patrona do feminismo brasileiro, cinco filhos, 12 netos, ela estudou física e economia, mas se notabilizou por levantar a questão feminina e ser uma voz impertinente contra a ditadura. Na sua autodefinição, ela é "porra-louca e pré-arcaica".
Defende hoje o microcrédito e as feiras de trocas.
Nesta entrevista, concedida ontem por telefone a propósito do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, ela fala de seus projetos atuais e dos rumos do movimento feminista, que hoje acredita ser mais profundo.
Mas que ainda precisa conseguir "o mais importante": igualdade de salários entre homens e mulheres.
Folha - Qual o significado do 8 de Março nos dias de hoje?
Rose Marie Muraro - Agora temos uma mulher presidente da República. Houve um grande avanço na participação da mulher nas estruturas.
Haverá muitas mudanças porque há muitas diferenças entre o homem e a mulher. As Nações Unidas fizeram uma pesquisa em 121 países e descobriram que com mulheres no poder cai o nível de corrupção. O homem pensa primeiro nele e depois nos outros, daí sai a corrupção. A mulher pensa primeiro nos outros depois nela.
Como a sra. define o feminismo hoje? O movimento, que teve importância nos anos 1960, 1970, hoje parece mais enfraquecido.
Ao contrário. Ele está na Presidência da República. Isto me irrita: achar que o feminino é mais fraco porque é menos barulhento.
Ao contrário, está muitíssimo mais forte. Saiu a Lei Maria da Penha, que diminuiu a violência doméstica, que é a primeira violência que a criança vê. É a raiz de todas as outras violências, das guerras etc.
Quais seriam as bandeiras do feminismo hoje?
Mais importante de tudo -que acho que não vai ser conseguido nem nos Estados Unidos por enquanto- é: trabalho igual, salário igual. O resto foi conseguido. Nos EUA, a mulher ganha 80% do que ganha o homem; no Brasil, 70%.
Espero que o feminismo amadureça dentro da sociedade e que haja uma sociedade do homem e da mulher.
Quais são os movimentos de luta da mulher mais importantes no Brasil?
Sou muito adepta da Secretaria de Política para as Mulheres. Hoje em dia, em todas as comunidades populares as mulheres tendem a fazer microcrédito, feiras de troca e diminuírem a pobreza extrema.
É um movimento geral, mas silencioso -97% dos movimentos de transformação da pobreza estão na mão da mulher: o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida. Hoje é cem vezes melhor [em relação aos anos 1960, 1970].
Não faça uma identidade entre grandeza do movimento e barulho. Há muitos movimentos silenciosos, como esses da economia solidária, por exemplo, que são levados por mulheres. É um movimento mais silencioso, mas mais profundo.
Está dando "empoderamento" às mulheres e fortíssimo, até nas áreas rurais.
Qual o seu projeto agora?
Meu projeto é "empoderar" as mulheres de baixa renda, que vão mudar a estrutura da corrupção no Brasil, o que vai fazer os fluxos de dinheiro se voltarem para onde devem. Como na Escandinávia, onde se voltam ao povo, para pão, escola, trabalho.
A corrupção é muito mais séria do que você pensa. Porque o dinheiro em vez de ir para quem precisa, para quem tem fome, vai para quem tem mais dinheiro, para as Ilhas Cayman.
Exemplo: o Lula deu um dinheirinho pequeno, uma esmolinha para os pobres, e fez do Brasil a sétima economia do mundo. E deu um dinheirão para os bancos.
O que as mulheres devem fazer para atingir esse objetivo, o de "empoderamento"?
Microcrédito, feiras de troca e bancos comunitários. Elas se apossarão do dinheiro. Porque nos espaços do Brasil onde já existem essas coisas a mulher é quem faz, negocia. Os homens brigam. Há muita diferença entre homens e mulheres. A mulher é soft; o homem é hard.
Mas isso não é muito mais uma questão cultural do que de gênero?
Não. É uma questão biológica. A mulher é obrigada a proteger a vida. O homem é obrigado a buscar comida. Daí as guerras, a corrupção.
Eu acho que tem a ver com os neurônios masculinos. No cérebro, a maior diferença entre o masculino e o feminino é a área da agressividade.
A gente pode mudar o cérebro com o correr das gerações. Está mudando muito. Só o fato de a população se organizar. Olha a organização dos pobres nos países islâmicos. Isso era impossível há cinco anos. Graças ao Facebook, os pobres estão se reunindo, tendo uma voz, contra os corruptos.
Há grande desigualdade porque há grande desigualdade de dinheiro. A gente está criando um outro tipo de dinheiro, o dinheiro solidário, que não gera juro. O dinheiro que não gera juro gera igualdade.
É um projeto de reformulação das estruturas da sociedade. Já existem 400 bancos comunitários. Vamos apresentar um projeto à Dilma que é um passo além do Bolsa Família.
Estou muito animada. Quando eu comecei me chamavam de prostituta, mal-amada, machona, solteirona. Hoje, os tapetes vermelhos estão abertos para mim. Já não sou vista como uma bruxa contra os homens.
Hoje quem é a vanguarda desse movimento?
Não existe uma vanguarda intelectual. Isso é uma maneira machista e centralista de pensar. Existem movimentos no mundo inteiro, já entrou na sociedade.
Vanguardas? Não sei. Pode ser que as presidentes das repúblicas sejam. Eu não acredito no sistema de liderança como é no sistema masculino, mas num sistema de comunidades, feminino.
E a questão do aborto no Brasil? A presidente disse que não vai mexer nisso.
São 15 países que não têm o avanço. Nos outros todos o aborto é legalizado. Mexer com a Igreja aqui no Brasil é uma barbaridade.
Ruth Cardoso levou [a questão] e a Igreja ficou danada. Jandira Feghali perdeu a eleição no Rio porque era a favor da legalização do aborto. A Igreja tem muito poder no Brasil. As mulheres pobres é que sofrem. Será uma surpresa uma modificação disso no curto prazo.
Texto de Eleonora de Lucena na Folha de São Paulo de 08/03/2011
Quero "empoderar" as mulheres de baixa renda
PIONEIRA DO FEMINISMO NO BRASIL DIZ QUE FALTA CONQUISTAR IGUALDADE DE SALÁRIO ENTRE HOMENS E MULHERES; PARA ELA, MOVIMENTO HOJE É MAIS SILENCIOSO, MAS MAIS PROFUNDO
Rose Marie Muraro não para. Aos 80 anos, quase cega e numa cadeira de rodas, ela diz que está muito bem. "Tenho feito de tudo. Escrevo enlouquecidamente."
Seu 36º livro vai se chamar "Um Mundo ao Alcance de Todos". Patrona do feminismo brasileiro, cinco filhos, 12 netos, ela estudou física e economia, mas se notabilizou por levantar a questão feminina e ser uma voz impertinente contra a ditadura. Na sua autodefinição, ela é "porra-louca e pré-arcaica".
Defende hoje o microcrédito e as feiras de trocas.
Nesta entrevista, concedida ontem por telefone a propósito do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, ela fala de seus projetos atuais e dos rumos do movimento feminista, que hoje acredita ser mais profundo.
Mas que ainda precisa conseguir "o mais importante": igualdade de salários entre homens e mulheres.
Folha - Qual o significado do 8 de Março nos dias de hoje?
Rose Marie Muraro - Agora temos uma mulher presidente da República. Houve um grande avanço na participação da mulher nas estruturas.
Haverá muitas mudanças porque há muitas diferenças entre o homem e a mulher. As Nações Unidas fizeram uma pesquisa em 121 países e descobriram que com mulheres no poder cai o nível de corrupção. O homem pensa primeiro nele e depois nos outros, daí sai a corrupção. A mulher pensa primeiro nos outros depois nela.
Como a sra. define o feminismo hoje? O movimento, que teve importância nos anos 1960, 1970, hoje parece mais enfraquecido.
Ao contrário. Ele está na Presidência da República. Isto me irrita: achar que o feminino é mais fraco porque é menos barulhento.
Ao contrário, está muitíssimo mais forte. Saiu a Lei Maria da Penha, que diminuiu a violência doméstica, que é a primeira violência que a criança vê. É a raiz de todas as outras violências, das guerras etc.
Quais seriam as bandeiras do feminismo hoje?
Mais importante de tudo -que acho que não vai ser conseguido nem nos Estados Unidos por enquanto- é: trabalho igual, salário igual. O resto foi conseguido. Nos EUA, a mulher ganha 80% do que ganha o homem; no Brasil, 70%.
Espero que o feminismo amadureça dentro da sociedade e que haja uma sociedade do homem e da mulher.
Quais são os movimentos de luta da mulher mais importantes no Brasil?
Sou muito adepta da Secretaria de Política para as Mulheres. Hoje em dia, em todas as comunidades populares as mulheres tendem a fazer microcrédito, feiras de troca e diminuírem a pobreza extrema.
É um movimento geral, mas silencioso -97% dos movimentos de transformação da pobreza estão na mão da mulher: o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida. Hoje é cem vezes melhor [em relação aos anos 1960, 1970].
Não faça uma identidade entre grandeza do movimento e barulho. Há muitos movimentos silenciosos, como esses da economia solidária, por exemplo, que são levados por mulheres. É um movimento mais silencioso, mas mais profundo.
Está dando "empoderamento" às mulheres e fortíssimo, até nas áreas rurais.
Qual o seu projeto agora?
Meu projeto é "empoderar" as mulheres de baixa renda, que vão mudar a estrutura da corrupção no Brasil, o que vai fazer os fluxos de dinheiro se voltarem para onde devem. Como na Escandinávia, onde se voltam ao povo, para pão, escola, trabalho.
A corrupção é muito mais séria do que você pensa. Porque o dinheiro em vez de ir para quem precisa, para quem tem fome, vai para quem tem mais dinheiro, para as Ilhas Cayman.
Exemplo: o Lula deu um dinheirinho pequeno, uma esmolinha para os pobres, e fez do Brasil a sétima economia do mundo. E deu um dinheirão para os bancos.
O que as mulheres devem fazer para atingir esse objetivo, o de "empoderamento"?
Microcrédito, feiras de troca e bancos comunitários. Elas se apossarão do dinheiro. Porque nos espaços do Brasil onde já existem essas coisas a mulher é quem faz, negocia. Os homens brigam. Há muita diferença entre homens e mulheres. A mulher é soft; o homem é hard.
Mas isso não é muito mais uma questão cultural do que de gênero?
Não. É uma questão biológica. A mulher é obrigada a proteger a vida. O homem é obrigado a buscar comida. Daí as guerras, a corrupção.
Eu acho que tem a ver com os neurônios masculinos. No cérebro, a maior diferença entre o masculino e o feminino é a área da agressividade.
A gente pode mudar o cérebro com o correr das gerações. Está mudando muito. Só o fato de a população se organizar. Olha a organização dos pobres nos países islâmicos. Isso era impossível há cinco anos. Graças ao Facebook, os pobres estão se reunindo, tendo uma voz, contra os corruptos.
Há grande desigualdade porque há grande desigualdade de dinheiro. A gente está criando um outro tipo de dinheiro, o dinheiro solidário, que não gera juro. O dinheiro que não gera juro gera igualdade.
É um projeto de reformulação das estruturas da sociedade. Já existem 400 bancos comunitários. Vamos apresentar um projeto à Dilma que é um passo além do Bolsa Família.
Estou muito animada. Quando eu comecei me chamavam de prostituta, mal-amada, machona, solteirona. Hoje, os tapetes vermelhos estão abertos para mim. Já não sou vista como uma bruxa contra os homens.
Hoje quem é a vanguarda desse movimento?
Não existe uma vanguarda intelectual. Isso é uma maneira machista e centralista de pensar. Existem movimentos no mundo inteiro, já entrou na sociedade.
Vanguardas? Não sei. Pode ser que as presidentes das repúblicas sejam. Eu não acredito no sistema de liderança como é no sistema masculino, mas num sistema de comunidades, feminino.
E a questão do aborto no Brasil? A presidente disse que não vai mexer nisso.
São 15 países que não têm o avanço. Nos outros todos o aborto é legalizado. Mexer com a Igreja aqui no Brasil é uma barbaridade.
Ruth Cardoso levou [a questão] e a Igreja ficou danada. Jandira Feghali perdeu a eleição no Rio porque era a favor da legalização do aborto. A Igreja tem muito poder no Brasil. As mulheres pobres é que sofrem. Será uma surpresa uma modificação disso no curto prazo.
Texto de Eleonora de Lucena na Folha de São Paulo de 08/03/2011
segunda-feira, 7 de março de 2011
Heróis da Epopéia
Sem liberdade nada somos
Apenas enfermos sem poder ouvir,
Apenas enfermos sem poder ouvir,
Falar e caminhar
Queira Deus, que a ditadura
No Brasil nunca volte a reinar.
Os heróis da epopéia pagaram
Com a vida por suas ideais
Ouça Taiguara falar e cantar
Emociones-te se ainda crer no amor.
“Vento forte quebra telha e vidraça”
Flores, flores, flores, para não dizer
Que delas não te falei
Amei e tu amaras teus amores.
Viva Taiguara, a liberdade não pára
João Gilberto, amostra do caminho certo
E viva o povo brasileiro nas cidades,
Nos campos e no mais remoto deserto.
Ouça!
domingo, 6 de março de 2011
A folia deles quem paga é o contribuinte
Esperando a quarta-feira de Cinzas
Hoje é quarta-feira de fogo, mas eu não vejo a hora de chegar a quarta-feira de cinzas.
Não, não é que eu seja inimiga do carnaval. Inclusive já brinquei muito: em clubes, nas prévias, nos blocos.... fui até à Olinda em plena terça-feira de carnaval... Portanto, vou falar com conhecimento de causa.
E, como um véu que se descortina, como uma máscara que cai, gostaria de revelar algumas verdades que encontrei por trás da fantasia do carnaval.
A primeira delas: o brasileiro adora carnaval.
Não acredito. Na paraíba, por exemplo, o maior bloco de arrasto disse ter registrado cerca de 400 mil foliões no desfile do ano passado. Mas, a população paraibana conta com mais de 3 milhões e 600 mil cidadãos.
Portanto, a maioria da povo não foi para a rua ou por que não gosta de carnaval ou por que não se reconhece mais nessa festa dita popular.
Segunda falsa verdade: o carnaval é uma festa genuinamente brasileira.
Não, não é. O carnaval, tal como o conhecemos, surgiu na Europa, durante a era vitoriana, e se espalhou pelo mundo afora, adaptando-se a outras culturas.
Outra falsa verdade: É uma festa popular.
Balela! O carnaval virou negócio – dos ricos. Que o digam os camarotes VIP, as festas privadas e os abadás caríssimos, chamados "passaportes da alegria".
E quem não tem dinheiro para comprar aquele roupinha colorida não tem, também, o direito de ser feliz??? Tem não.
E aqui, na Paraíba, onde se comemoram as prévias não é muito diferente. A maioria dos blocos vive às custas do poder público e nenhuma atração sobe em um trio elétrico para divertir o povo só por ser, o carnaval, uma festa democrática.
Milhões de reais são pagos a artistas da terra e fora dela para garantir o circo a uma população miserável que não tem sequer o pão na mesa.
Muitas coisas, hoje, me revoltam no carnaval.
Uma delas é ouvir a boa música ser calada à força por "hits" do momento como o "Melô da Mulher Maravilha", e similares que eu nem ouso citar.
Fico indignada quando vejo a quantidade de ambulâncias disponibilizadas num desfile de carnaval para atender aos bêbados de plantão e valentões que se metem em brigas e quebra quebra.
Onde estão essas mesmas ambulâncias quando uma mãe de família precisa socorrer um filho doente? Quando um trabalhador está infartando? Quando um idoso no interior precisa se deslocar de cidade para se submeter a um exame?
Me revolto em ver que os policiais estão em peso nas festas para garantir a ordem durante o carnaval, e, no dia a dia, falta segurança para o cidadão de bem exercitar o direito de ir e vir.
Mas o carnaval é uma festa maravilhosa! Dizem até que faz girar a economia. Que os pequenos comerciantes conseguem vender suas latinhas, seu churrasquinho....
Se esses pais de família dependessem do carnaval para vender e viver, passariam o resto do ano à míngua.
Carnaval só dá lucro para donos de cervejaria, para proprietários de trios elétricos e uns poucos artistas baianos. No mais, é só prejuízo.
Alguém já parou para calcular o quanto o estado gasta para socorrer vítimas de acidentes causados por foliões embriagados? Quantos milhões são pagos em indenizações por morte ou invalidez decorrentes desses acidentes?
Quanto o poder público desembolsa com os procedimentos de curetagem que muitas jovens se submetem depois de um carnaval sem proteção que gerou uma gravidez indesejada?
Isso sem falar na quantidade de DST’s que são transmitidas durante a festa em que tudo é permitido!
Eu até acho que o carnaval já foi bom... Mas, isso foi nos tempos de outrora.
Fonte: blog da rachel sheherazade
http://rachelsheherazade.blogspot.com/2011/03/esperando-quarta-feira-de-cinzas.html
Fonte: blog da rachel sheherazade
http://rachelsheherazade.blogspot.com/2011/03/esperando-quarta-feira-de-cinzas.html
sexta-feira, 4 de março de 2011
Deputada cadeirante fica presa em avião em SP
Mara Gabrilli revelou que vai processar a companhia aérea, Infraero e Anac pelo incidente
Foto: Agência Câmara
A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), portadora de tetraplegia, ficou presa por duas horas em avião por falta de equipamento de desembarque no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Ela veio de Brasília em um avião da TAM que, ao pousar em Cumbica, não parou no finger, equipamento que leva os passageiros diretamente do avião ao terminal.
Além disso, o ambulifit, espécie de ônibus com elevador utilizado para o transporte de cadeirantes ao terminal, estava quebrado. A opção
oferecida à parlamentar foi ser carregada por funcionários pelas escadas do avião, ao que ela se recusou, devido à total falta de segurança.
Em entrevista ao repórter Thiago Uberreich, a deputada federal Mara Gabrilli revelou que vai processar a TAM e a Anac depois de ficar duas horas presa dentro de um avião em Cumbica. “Eu já estou oficiando a Anac, Infraero e companhia aérea e ainda fazendo um ofício para o Ministério Público pedindo algum tipo de atitude”.
A parlamentar explicou que a escada era descoberta e estava chovendo em Guarulhos. “O avião parou em posição remota, longe do finger, que é aquele corredor que leva o passageiro para dentro do aeroporto. Todos tiveram de descer pela escada na chuva e queriam me carregar nessa escada Eu me recusei, não por frescura, mas porque eu sou tetraplégica”.
De acordo com a resolução da Anac, as empresas aéreas devem assegurar o movimento de pessoas com mobilidade reduzida. As companhias são obrigadas a oferecer veículos equipados com elevadores ou outros dispositivos
Ouça a entrevista em
http://p.audio.uol.com.br/jovempan2/www/mp3/2011/03/03/MARA03032011.mp3
quinta-feira, 3 de março de 2011
VEM PRA RUA VEM, CONTRA O AUMENTO!
VEM PRA RUA VEM, CONTRA O AUMENTO! por TRIBUNAESCRITA no Videolog.tv.
ATO CONTRA O AUMENTO DAS PASSAGENS DO ABCD DIA 02 DE MARÇO (Quarta-Feira) Às 17H PAÇO MUNICIPAL DE SANTO ANDRÉ
Concentração em frente a Prefeitura de Santo André
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