Haitianos continuar a comer bolinhos feitos de barro, óleo e açúcar.
Países produtores proíbem exportações de arroz para evitar desabastecimento do mercado interno desses países e a Argentina adotou idêntico procedimento com o trigo e os haitianos continuar a comer bolinhos feitos de barro, óleo e açúcar.
Estas duas proibições de exportações de alimentos comprovam o que este blogueiro afirma há muito tempo, em conversas com amigos e publicado em janeiro de 2007 e desmente categoricamente a afirmação de “nosso guia” sobre os biocombustíveis.
O que nossos palpiteiros de plantão em Brasília não perceberam e ainda fingem não ver é que para encher os tanques famintos dos automóveis no mundo inteiro com soja, milho, cana, beterraba, uva e outros alimentos seria preciso deixar a humanidade passar fome, pois a produção mundial de alimentos estava estabilizada até o começo do século 21, mas historicamente a produção de alimentos sempre foi deficitária e somente no século 20, com o uso de novas tecnologias e do adubo, é que o homem conseguiu produzir sobras confortáveis de alimentos, principalmente nos Estados Unidos da América do Norte.
Nos últimos séculos a escassez de algum alimento era compensada pela compra deste alimento no país que produzia em excesso, então quando o clima não era propício compensava-se a pequena safra .
pelos estoques reguladores, ou pela importação, até que o clima e as leis de mercado fizessem o ajuste.
Quero frisar que o excesso de produção era relativamente pequeno em comparação com o consumo global e também que as áreas agricultáveis já estavam e estão esgotadas na América do Norte, na Europa e Ásia, para expandir a produção agrícola e pecuária restavam o investimento em novas tecnologias e as terras ainda não aproveitadas da África, que está sempre em guerra tribal, resta também um pouco do cerrado e o semi-árido brasileiros.
A Austrália, está fora desta conta, pois enfrenta 6 anos de seca e os produtores rurais estão a vender o direito de uso da água, o que implica o comprometimento futuro dos plantios irrigados, pois na Austrália o direito de uso da água é mais importante que o valor das terras
Porém quando a maior economia do planeta resolve encher o tanque de seus automóveis com álcool produzido a partir do milho, e este é o fato novo, o fato desestabilizado da produção e oferta de alimentos, fica evidente que este milho fará falta no prato dos huamos.
Como vocês sabem, os norte-americanos consomem cereais, panquecas, bacon, frangos, hambúrgueres,carnes variadas de bovinos, suínos, aves, etc... todos alimentos cuja base é o milho, seja como ingrediente direto ou através da ração que alimenta os animais que produzem tais alimentos.
Agora que o “Tio Sam” resolveu abastecer o tanque de seus automóveis com etanol produzido pela fermentação e destilação do milho, então fica assim: consome-se mais milho e o preço do milho sobe, substitui-se o milho nos alimentos por soja e esta soja também é empregada para fazer bio-diesel, então todos outros alimentos sobem de preço.
E o Brasil e a cana-de-açúcar? O que temos a ver com isto?
Os defensores dos biocombustíveis alegam que a cana não prejudica a produção de alimentos. Isto não verdade.
O estado de São Paulo que é o maior produtor de álcool do Brasil planta cana em terras que antes eram cobertas por arroz, milho, feijão, soja, e pastagens para o gado. Os outros estados seguem a mesma trajetória, vão plantando cana em terras antes usadas para outras culturas.
A grande expansão agropecuária brasileira aconteceu por causa do emprego de novas tecnologias e a conquista do cerrado e o semi-árido irrigável artificialmente, mas agora a nova fronteira agrícola á a exterminação da floresta amazônica.
Alguns especialistas dizem que o Brasil poderia expandir sua produção de álcool utilizando novas tecnologias nas áreas já exploradas, mas tudo isto tem um limite, e aí entra a Amazônia com suas imensas terras inexploradas e é por isto que digo que os biocombustíveis serão a desgraça da Amazônia.
Os biocombustíveis são muito eficientes para um país como o Brasil onde existe abundância de terras para nós brasileiros,só nos brasileiros, mas não é suficiente para abastecer os automóveis do mundo inteiro, e certamente quando países que não tem as mesmas vantagens do Brasil, resolvem fazer etanol de milho, beterraba, etc. vão retirar alimentos da mesa dos habitantes deste pequenino planeta; aliás alguém já disse que se todos os países consumissem o equivalente ao consumo do americano, seria necessário dez planetas Terra para dar conta de tal desperdício.
José Geraldo da Silva